Morreu a modelo China Machado

China Machado, considerada pioneira no mundo da moda por ter aberto caminho para a diversidade, morreu este domingo, 18 de dezembro, aos 87 anos, na sequência de problemas cardíacos. Filha de pai português, a avó materna era goesa, nasceu em Xangai e vivia nos Estados Unidos, onde fez história ao ser a primeira manequim não caucasiana a posar para a capa de uma revista de moda do país e por mostrar que mesmo nesta indústria exigente pode ser-se ativo aos 80 anos.
Noelie de Souza Machado, de seu verdadeiro nome, cresceu a falar português, mandarim, francês e inglês. Em 1946, os seus pais trocaram Xangai por Buenos Aires devido à ocupação japonesa. Tinha apenas 19 anos quando conheceu o toureiro espanhol Luis Miguel Dominguin – com quem fugiu entretanto para o México – que a integrou no círculo social de artistas como Pablo Picasso e Andy Warhol. O amor acabou – foi trocada pela atriz norte-americana Ava Gardner – e refugiou-se em Paris, onde começaria o seu percurso no mundo da moda, pela mão de Hubert de Givenchy, que a colocou pela primeira vez numa passerelle. Seguiram-se casas de renome como Dior e Balenciaga e rapidamente se tornou na modelo mais bem paga da Europa. “China Machado foi uma das primeiras grandes pioneiras no firmamento da alta-costura. Tornou a sua etnia em algo poderoso. Internacionalmente, preparou o caminho para a diversidade e para outras etnias, tal como preparou o caminho para o aumento das modelos negras em publicações impressas e nas passerelles”, disse André Léon Talley, antigo editor da revista Vogue, ao New York Times.
Em 1959 foi capa da revista americana Harper’s Bazaar graças ao fotógrafo Richard Avedon, que ameaçou despedir-se caso as suas fotografias não fossem publicadas com o devido destaque, e que a descreveu como “provavelmente a mulher mais bonita do mundo”.