Em frente ao Castelo da CARAS, no Crato, Mariana Pacheco, de 24 anos, parece uma princesa guerreira, posando confiante e altiva com um look roqueiro. E se a descrição de princesa até pode não ser a que melhor a define, a de guerreira encaixa-se na perfeição. Com vontade de descobrir o mundo, a atriz saiu de casa aos 18 anos. Queria saber, como confessa, “como é que as coisas funcionavam no mundo dos adultos.” Começou a pagar as suas contas e a ter responsabilidades, descobrindo o que custa a vida. Contudo, também passou a gerir o seu tempo e a ser dona e senhora das suas decisões, sendo esta a conquista mais reveladora do seu caráter e da sua forma de estar na vida.
Não obstante esta sua independência, Mariana continua a ter na mãe, como assegura, a sua “melhor amiga e confidente”, encontrando nela o colo onde acalma as fragilidades e medos que teimam em abalar a sua confiança. Mas, mais ou menos segura, é sempre com paixão e com uma entrega total que a atriz representa, sobretudo quando se aventura em novos palcos, como acontece atualmente com a participação no musical Quase Normal, em cena no Casino Estoril.
Apesar de ser muito discreta no que toca à vida privada, Mariana revelou à CARAS algumas das escolhas que fez na vida e que foram determinantes para hoje ser uma mulher realizada e feliz.
– Esta produção poderia contar a história de uma princesa no seu castelo. É um papel que lhe assenta bem ou não tem nada a ver consigo?
Mariana Pacheco – Não tem nada a ver comigo, pelo menos no dia-a-dia. Contudo, de vez em quando também gosto de me sentir uma princesa, sobretudo quando tenho uma equipa a tratar de mim e a pôr-me bonita.
– A Mariana já assumiu ser livre e independente. Também é rebelde ou é uma menina mais certinha do que aparenta ser?
– Na adolescência fui rebelde, agora já não. Gosto muito de ser senhora do meu nariz, adoro ser livre e independente. Ser livre é das melhores sensações que podemos ter, não abdicaria disso por nada. Adoro saber tomar conta de mim e desenrascar-me sozinha. Gosto de seguir com a minha vida, sabendo que sou completamente livre.
– E foi difícil chegar aqui?
– É algo que fui conquistando. Não mudei a minha vida de um dia para o outro. Sempre quis sair de casa cedo, porque só assim poderia perceber como é que as coisas funcionavam no mundo dos adultos, nomeadamente pagar despesas, ter responsabilidades e tarefas. Aos 18 anos saí de casa, mas contei sempre com o apoio da minha mãe.
– Sente que a liberdade pode custar demasiado caro?
– Acho que sim, mas continuo a acreditar que a nossa liberdade compensa todos os riscos que possamos correr. Neste processo, acabamos por nos deparar com situações complicadas de gerir, como não termos tempo para fazermos tudo o que queremos ou não termos dinheiro para alguma coisa. Há que fazer opções, o que acontece a todas as pessoas que controlam a sua própria vida.
– A Mariana já tinha trabalhado em televisão, antes da novela da SIC Coração d’ Ouro, mas esta acabou por representar uma grande viragem na sua vida. Como lida com o mediatismo e com as expectativas que agora estão depositadas na sua carreira?
– A minha vida não mudou drasticamente. Continuei a dar-me com as mesmas pessoas e não mudei a minha essência. Sou mais abordada na rua, é verdade, mas sei lidar muito bem com isso. Tive mais destaque nesta novela e aprendi muito como atriz. Foi nesta novela que me apaixonei completamente pela representação e adquiri a confiança que ainda não sentia. Tinha medos em relação a muitas coisas… Tinha medo de falhar e de não corresponder às expectativas dos que acreditaram em mim. E ainda preciso de acreditar mais em mim e nas minhas capacidades. Não posso deixar que a insegurança me controle. O que mudou foi apenas esta perceção daquilo que posso melhorar enquanto atriz.
– Essas inseguranças podem revelar tendência para o perfecionismo…
– Não sei se sou perfecionista, porque nesta área não queremos alcançar o que é perfeito e sim o que é verdadeiro. São coisas diferentes. Sou muito exigente comigo própria e gosto que puxem por mim, o que é essencial para me superar. E agora que faço um musical, o que procuro sempre é encontrar uma verdade, acreditando no que estou a fazer para que o público acredite também.
– Por falar no musical: para quem canta desde criança e se apaixonou pela representação, esta deve ser a forma de arte que melhor exprime a artista que é…
– Estou a descobrir muitas coisas novas com este musical. Estou a adorar a experiência, tem sido muito intensa. Estamos a fazer algo no momento e há uma adrenalina muito maior. Os nervos também estão à flor da pele e isso vai melhorando com a experiência. Adoro conjugar música e representação. E acho que estamos todos a fazer um excelente trabalho.
– No seu dia-a-dia também tem as emoções à flor da pele?
– Sim, sou muito emotiva. A emoção leva sempre a melhor e não quero mudar isso em mim. Nunca me arrependi de ser tão emocional. Acredito que o coração deve sempre ganhar.
– Mas gosta de guardar essas emoções para si…
– Sim, sou muito reservada em relação à minha vida privada. Esse lado é só meu.
– Os seus pais separaram-se e a Mariana foi criada pela sua mãe. Isso tornou-vos muito próximas? Que relação têm hoje?
– Sim, temos uma relação muito próxima. A minha mãe é a minha melhor amiga e confidente, é a primeira pessoa que procuro para contar as coisas boas ou más. É ela que me ajuda e me dá segurança nos momentos mais vulneráveis. É a melhor mãe do mundo. E desde que me tornei independente, a nossa relação melhorou. Agora, ela vê-me mais como uma mulher e como uma amiga com quem também pode partilhar as suas coisas.
Produção: Patrícia Pinto | Maquilhagem: Sofia Queirós
Mariana Pacheco: “Gosto muito de ser senhora do meu nariz, adoro ser livre”
Apaixonada pela música e pela representação, Mariana quer conciliar estes dois mundos. Continuar a representar boas personagens e lançar um disco são dois dos seus grandes objetivos.