Foi em março de 2005, no mês em que perdeu o seu pai, que a jornalista Catarina Beato, de 38 anos, decidiu que ia tornar-se a princesa que ele sempre viu nela. Assim nasceu o blog Dias de Uma Princesa, uma espécie de diário. Onze anos depois, a blogger vive dias felizes junto do marido, Pedro de Góis, de 42 anos, dos seus filhos, Gonçalo e Afonso, de 14 e cinco anos, respetivamente, e da filha de ambos, Maria Luísa, de três meses.
– Como é que uma jornalista de economia se tornou blogger?
Catarina Beato – Escrever sempre foi a minha paixão, desde muito pequena. Em 2005 sentia-me um bocadinho perdida, tinha 27 anos, um filho com três, sabia que precisava de um emprego, mas não queria voltar a trabalhar em algo de que não gostasse. Já tinha estado em todas as áreas, mas existiam dois momentos em que tinha sido mais feliz: na rádio e no Diário Digital, como estagiária na secção de economia. Em 2005 começaram a aparecer os blogs e achei que era a melhor forma de voltar a escrever. Criei uma contradição, um diário público, e ninguém me lia. Coincidência ou não, passados poucos meses surgiu a oportunidade de ir trabalhar para o Diário Económico.
– Há 11 anos, quando começou o blog, era uma coisa que ainda não estava na moda…
– Sim, ainda não existiam bloggers. Escrevíamos apenas pelo gozo de saber que alguém nos podia ler, nunca imaginei obter daí algum tipo de rendimento. As coisas mudaram muito há três anos.
– Hoje tem milhares de seguidores. Como lida com as críticas?
– Muito mal. As críticas magoam e são quase sempre injustas. As críticas que aceito são as chamadas de atenção para erros gramaticais. Felizmente, sou muito acarinhada por quem me lê. Costumo dizer que o blog não é tudo o que sou, mas tudo o que lá está sou eu.
– Entretanto, prepara-se para lançar o quarto livro. Roubam-lhe muito tempo?
– Os meus livros acabam por ser também diários, por isso, são fáceis, não sinto que me roubem tempo. Em janeiro estará nas livrarias o diário da minha gravidez, que é também um guia para as grávidas, escrito em parceria com a minha amiga e médica ginecologista obstetra Sofia Serrano.
– Com três filhos, um deles bebé, trabalhar em casa facilita?
– Trabalhar em casa tem um lado maravilhoso de gestão e presença, mas também tem o inconveniente de sentir que estou sempre a trabalhar. Trabalho nas férias, nos fins de semana, a qualquer hora. Mas estar presente tem um valor incalculável.
– Teve uma menina depois de dois rapazes e o seu mundo passou a ter uma verdadeira princesa. Como está a ser?
– Eu achava que não queria uma menina, via-me como mãe de rapazes. Não gosto de maquilhagem, de malas ou sapatos. Sempre senti que era pouco feminina. Estive a digerir a ideia durante bastante tempo. Quando a Maria Luísa nasceu, num parto maravilhoso, apaixonei-me. É a minha princesa, assustadiça e menina. Veio ajudar-me a resolver algumas coisas e a comemorar a fase de paz em que estava.
– Foi através de uma rede social que conheceu o seu marido…
– Foi, sim. O meu marido encontrou-me no Tinder. Como dizemos e repetimos, tivemos muita sorte. Conhecemo-nos em maio do ano passado e no dia 30 de junho casámo-nos. Temos uma relação muito fácil e muito feliz. Eu, a eterna solteira independente, encontrei o homem da minha vida. Percebi que sou muito mais feliz em família.
– Passou de mãe solteira de dois filhos a uma mulher casada e mãe de três. Foi surpreendida pela vida?
– Uso a frase “a vida resolve-se sozinha”, o que significa que muita vezes as respostas aparecem quando sossegamos. Foi uma enorme surpresa, porque não esperava nem procurava. Eu era muito feliz solteira com os meus dois filhos, que, apesar das histórias de amor não terem funcionado, têm pais fantásticos. Depois apareceu o Pedro e descobri que podia ser ainda mais feliz. É o melhor de todos os mundos: é viver com o meu melhor amigo, é estar apaixonada por este homem com quem acordo, é ver o Pedro ser pai.
Catarina Beato: “Percebi que sou muito mais feliz em família”
A autora do ‘blog’ ‘Dias de Uma Princesa’ abre as portas de casa e apresenta a família.