Há um ano que decorre em tribunal o processo em que Bárbara Guimarães acusa o ex-marido, Manuel Maria Carrilho, de violência doméstica. Depois de ouvida a apresentadora e dezenas de testemunhas, Carrilho decidiu falar pela primeira vez em tribunal esta segunda-feira, dia 6. Garantiu que é inocente e que foi vítima de um plano urdido pela ex-mulher para lhe roubar tudo. Bárbara não quis assistir e saiu da sala.
“Decidi este fim de semana que iria falar hoje. (…) Estou absolutamente inocente das acusações que me fazem. Nunca agredi ou insultei, física ou psicologicamente, a minha ex-mulher. Fui alvejado pelas costas a frio no seguimento de um plano”, defende Carrilho, argumentando que nada fazia prever o que aconteceu depois da célebre ida a Paris, em outubro de 2013, em que, ao regressar, foi impedido de entrar em casa. “Desde que cheguei de Paris, nunca mais falei com a Bárbara, mãe dos meus filhos. Ela nunca mais me dirigiu a palavra nem respondeu a um único email. A título de exemplo, a Bárbara mandou-me a Carlota com varicela sem uma única informação e, mais grave, sem medicação. (…) Tentei tudo, mas ela queria criar um muro e uma personagem que nunca existiu em 65 anos de vida.(…) Foi a Bárbara que começou esta guerra pública. (…) Imagine-se o que é ser acusado de violência doméstica pela própria mulher. Isto é uma bomba atómica. Nunca toquei na Bárbara. Amparei-a muitas vezes quando ela não se segurava nas pernas. (…) Acho de um cinismo inultrapassável quando ela diz que nunca disse mal do pai dos filhos. O que é que se pode dizer de pior de um pai do que ele é um agressor?”
No seguimento deste seu discurso, e sempre apoiado por várias folhas repletas de notas escritas à mão, Manuel Maria Carrilho decidiu ler um email que escreveu à ex-mulher, no dia 24 de outubro de 2013, como resposta a um anterior que Bárbara lhe tinha enviado, no dia 23, onde o acusava de maus tratos físicos e psicológicos e de ameças de morte. “A tua carta faz pena. Só te quero lembrar que todos, mas mesmo todos os problemas dos últimos seis meses têm exclusivamente a ver com o teu desatino recorrente da tua crescente dependência alcóolica, testemunhado em inúmeras circunstâncias, por tanta gente, tanto em privado como em público. E que tantas vezes, nomeadamente quando circulavas ébria na estrada, puseste em risco a segurança e vida dos nossos filhos. Houve, é certo, muitas agressões. Mas foram sempre autoagressões. Autoagressões de uma pessoa obcecada pela idade, pelo impacto do seu aspeto físico, com os cinco implantes de silicone que colocaste, a celulite com que lidas em permanência e a dezena de comprimidos que tomas por dia. (…) Procurei sempre contrariar esse caminho devastador para ti e para a família. (…) Mas o que fizeste, de um modo traiçoeiro e cobarde, não tem perdão. (…) Como os nossos familiares e amigos sabem, foi por mim que os nossos filhos sempre chamaram para lhes dar a bela papa ao pequeno-almoço e para os deitar. Sempre, sem exceção. E é absolutamente ridículo tentar agora inventar histórias de faca e alguidar”.
Prosseguindo com a sua defesa, o arguido afirmou que “fiz tudo para salvar a Bárbara do que estava a acontecer”, e que o desenlace se deveu a três motivos: “Primeiro, o alcoolismo crescente. No último ano [a Bárbara] tinha-se tornado dependente do álcool. Bebia uma a duas garrafas de vinho branco sozinha. Eu bebia um copo, por amor à Bárbara, era o copo da simpatia. (…) Segundo, o charme da política. Ela adorava a vida social da política, as mordomias da vida de embaixador, o motorista, o mordomo, a empregada… Não queria de todo que me viesse embora de Paris. E o corte com as mordomias de Paris coincide com o nascimento da Carlota, uma criança que a Bárbara desejou muito, mas que foi um bebé muito difícil. Achei que com o meu regresso as coisas seriam mais fáceis para a Bárbara. (…) Tenho uma relação muito próxima com os meus filhos. De resto, sempre fui eu que fiz tudo com o Dinis, que o ensinei a escrever, a andar de bicicleta. Tanto assim é que quando o Dinis voltou a viver comigo, no ano passado, me disse: ‘pai, estou outra vez no meu mundo’. Terceiro motivo: estratégia para deitar a mão a tudo. Fiquei sem nada! Sem mulher, sem filhos, sem casa, sem trabalho, sem a minha biblioteca… Tudo me foi roubado! (…) As três semanas em que não vi os meus filhos foram um horror.”
Neste depoimento, Carrilho acusou ainda a ex-mulher de agredir o filho. “Três meses depois do divórcio, já a mãe o ameaçava, já ele me mandava mensagens de socorro. O Dinis passou horrores. É muito bom menino, com muita resistência. A mãe era super carinhosa (…), foi uma surpresa para ele quando o começou a espancar. (…) Espancava-o sempre que ele falava em ir morar comigo. (…) O Dinis vive hoje comigo e todas as suas notas têm melhorado. Recuperou a sua felicidade, o seu bem-estar”. O antigo ministro disse, ainda, não poder “tolerar que digam que agredi a mãe à frente dos filhos. Isso é uma monstruosidade insuportuável. Não sei se os meus filhos alguma vez perdoarão isto à mãe. Dizem que só os santos e as crianças perdoam o imperdoável”.
Já no decorrer do interrogatório do Ministério Público, Carrilho disse que não tentava evitar que Bárbara Guimarães saísse sozinha e de carro com os filhos, mesmo afirmando que muitas vezes conduzia embriagada. “O meu quotidiano não era falar com ela sobre o álcool. Ela sabia o que eu pensava sobre o assunto”, atirou, fazendo questão de sublinhar mais à frente: “Seria incapaz de viver com uma pessoa que se quisesse divorciar de mim”.
Manuel Maria Carrilho acusa Bárbara Guimarães de agredir e ameaçar o filho
Manuel Maria Carrilho falou pela primeira vez em tribunal, para se defender das acusações de violência doméstica que lhe são imputadas, e para mostrar a sua versão dos acontecimentos. Durante mais de seis horas, o antigo ministro riu, chorou e atacou Bárbara Guimarães acusando-a, entre outras coisas, de ser cobarde, hipócrita, má mãe, má filha, descompensada e alcóolica.
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