“A distribuição dos Trumps. Agora basta ser-se preto ou gay para ganhar Óscares”, escreveu João Braga no Facebook após a 89.ª edição dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. As reações não se fizeram tardar e foram muitos os seguidores a acusar o fadista de ser “racista” e “homofóbico”.
O comentário de João Braga, de 71 anos, surgiu na sequência da atribuição do Óscar de Melhor Filme a Moonlight, após um momento de confusão no Dolby Theatre, em Los Angeles, causado por uma troca de envelopes. A longa-metragem de Barry Jenkins conta a história de vida de um jovem negro e homossexual oriundo de um bairro problemático de Miami, nos Estados Unidos.
Perante tantos comentários negativos, o fadista sentiu-se obrigado a explicar o seu ponto de vista. “Chiça, que os herdeiros de Estaline são mesmo avessos à liberdade de expressão!”, começou por escrever. Mais tarde, noutra publicação, voltou ao assunto: “Mas agora chamar gay a um gay passou a ser ofensivo? E preto a um preto também? Por mim, se alguém me chama ‘branco’ é para o lado que eu durmo melhor. Agora, transformar uma cerimónia de ouvir aos que vivem na e da 7.ª Arte num comício político de nível abaixo de cão é que eu considero insultuoso e desrespeitoso para o telespectador. Daí o título que escolhi. Curiosamente, no ano passado, quando Spike Lee desenvolveu uma campanha por causa da ausência de pretos nas listas dos nomeados não me lembro de ter lido no Facebook crítica alguma. Talvez por se achar que basta ser-se preto para ganhar a estatueta, o talento fica à porta. (…) A cerimónia foi uma farsa política, com graçolas, na sua esmagadora maioria, de humor duvidoso, tornando uma manifestação artística num comício político populista e sectário. A quem critica não fica nada bem imitar o criticado. (…) E os esquimós, os venezuelanos, os iraquianos, os indianos, os portugueses, os chineses, etc.? É que nos EUA há atores de todas as etnias. E o Martin Scorsese que realizou uma obra-prima, Silence, que foi completamente escondida na cerimónia? Terá sido por causa da história do filme se referir, pela positiva, a dois jesuítas, ainda para mais, portugueses?! O objetivo do tópico é criticar a farsa monumental que foi esta cerimónia das estatuetas de Hollywood. Nada tem a ver com racismo ou homofobia. Os pobres de espírito que me insultam por este desabafo não passam disso mesmo. Nem sequer sabem quem é Spike Lee e a campanha que ele fez no ano passado a propósito das nomeações e da ausência de pretos nas mesmas. Mas nada disto me espanta”.
Acusado de racismo e homofobia, João Braga explica-se
Comentário sobre a 89.ª gala dos Óscares nas redes sociais gerou onda de críticas.