Diogo Valsassina começou cedo no mundo da representação – tudo por culpa da avó materna, que o inscreveu num casting –, mas nem por isso ganhou tiques de vedetismo. Quase a fazer 30 anos, diz que não sente o peso da idade, até porque é, diz, “uma criança”. “Adoro Legos, guitarras e jogar consola. Não me parece que a chegada dos 30 me vá fazer confusão. Um dia destes vi um cabelo branco, mas está tudo bem”, atira, divertido. Apesar da atitude descontraída, Diogo não deixa por mãos alheias a responsabilidade do seu trabalho. Dedicado, sabe perfeitamente qual é o seu caminho, mesmo que tenha estado afastado da televisão alguns anos. Hoje, entrega-se de corpo e alma à sua personagem de Amor Maior, da SIC, e à peça que vai estrear em fevereiro, Avenida Q. Ao seu lado há 11 anos, seja nos momentos de alegria ou de incerteza, tem sempre a atriz Ana Guiomar.
– Já tinha saudades de fazer uma novela?
Diogo Valsassina – Bastantes. É sempre bom poder desafiar-me. Uma personagem nunca somos nós e tinha saudades de fazer uma coisa que não sou eu. E o Nelson não tem nada a ver comigo: é muito envergonhado e pouco seguro de si. Eu não sou nada disso. À medida que vou envelhecendo, tenho mais noção daquilo que valho, do que sei e não sei fazer. Como estive tanto tempo parado, agarrei esta oportunidade como nunca. Não quero voltar a estar tanto tempo parado.
– O que é que aprendeu durante este tempo em que esteve parado?
– Muitas pessoas dizem-me que não sabem como é que consegui lidar tão bem com isto. Acho que tem a ver com a minha personalidade. Aguento bem os pontapés que a vida me dá. Nunca duvidei que um dia voltaria a ter a minha oportunidade. E com a consciência de que quando a tivesse, não a ia desperdiçar. Tentei ao máximo não estar parado, mesmo que não fizesse coisas em representação. Trabalhei com a Fremantle, onde fiz produção, e foi uma experiência muito interessante. Por um lado, deu para perceber precisamente aquilo que quero fazer, que não é o que estava a fazer na altura. Por outro, deu-me uma bagagem muito grande.
– E como surgiu o teatro?
– De uma maneira atípica. Já tinha trabalhado com o Rui Melo, numa peça infantil. E eles estavam a fazer um showcase para tentar vender a Avenida Q e o Rui lembrou-se de me ligar para eu ir ver um ensaio e avaliar se estaria interessado em integrar o elenco. A partir do momento em que os vi a passar o texto e a interagir com os bonecos, fiquei doido e disse logo que queria fazer a peça. Estou mesmo muito contente com este projeto. Quero muito que as pessoas o vejam, porque tenho quase a certeza de que em Portugal nunca foi feita uma coisa assim. É diferente de tudo. Esta peça dá-me um prazer enorme. Foi um mimo que nos deram e fazê-la com este grupo de pessoas é incrível.
– É fácil conciliar as gravações com os ensaios?
– É duro, mas não me importo. Em casa sou preguiçoso, mas no trabalho não. O prazer que me dá fazer isto tudo é muito maior do que o cansaço. Tem sido altamente compensador. O início do ano passado foi surreal. Foi a novela, a peça, as campanhas da Vodafone… Foi tudo de repente. Para mim, que não estava a fazer nada, foi fantástico. Estou altamente agradecido. Fico muito feliz por ter sido bafejado por estas coisas todas.
– Este regresso à televisão acontece numa novela onde também está a Ana Guiomar. Embora não seja a primeira vez que acontece, como é que sentem a trabalhar juntos?
– Há uma coisa muito importante na nossa relação e que cumprimos à risca, que é respeitar o espaço um do outro. Não somos possessivos e isso também se reflete no trabalho. Por isso, nos estúdios somos mais um colega ou amigo. É muito saudável.
– Já estão juntos há 11 anos, numa profissão onde as relações não costumam ser assim tão duradouras. Qual é o segredo?
– Acho que passa por esse respeito, por termos o à-vontade de fazer o que nos apetece sem termos que andar sempre um com o outro. Damo-nos bem por isso mesmo. Acho que não existe uma fórmula secreta que nos leva a ficar juntos até a eternidade. Apenas vai resultando. E acredito que vai continuar a resultar. Uma coisa que ajuda muito é não termos aquelas metas de aos trinta e tal anos casarmos, termos um filho… Nós não pensamos assim. Vamos vivendo o dia-a-dia.
– Mas equacionam casar e ter filhos ou não faz de todo parte do vosso futuro?
– Claro que faz. Se fosse há uns anos, esta conversa iria assustar-me, hoje já não. Quando tivermos que ser pais, vai acontecer. Este tipo de coisas não se pode forçar, sob pena de se tornarem uma obrigação. Já falámos sobre isso, mas não será para já, não é possível, estamos ambos muitíssimo ocupados. Não é mesmo a melhor altura para termos filhos.
– Encontrou na Ana Guiomar a pessoa certa para partilhar a vida?
– Sim. A Guiomar, além de ser minha namorada, é minha amiga. É sempre um grande apoio seja no que for: no trabalho, na família, em todas as questões. Não tenho que ter segredos para ela, nem ela tem que ter segredos para mim. Apoiou-me em fases mais complicadas, como eu tento apoiá-la a ela.
Produção: Filipa Gonçalves |Maquilhagem: Tita Costa
Vídeo de ‘making of’ da sessão fotográfica: