Quase um ano depois de ter garantido a primeira vitória de Portugal num Europeu de Futebol, Fernando Santos, de 62 anos, viveu no Coliseu dos Recreios mais um momento memorável. Depois de ter subido ao palco a meio da Gala para receber o Globo de Melhor Treinador Desportivo – que, sem falsa modéstia, confessou não o ter surpreendido –, o selecionador nacional não estava à espera de ali regressar para receber o galardão de maior prestígio da noite: o Globo de Mérito e Excelência, que anualmente distingue uma personalidade cuja carreira ou obra têm tido especial relevo em Portugal e que Francisco Pinto Balsemão, presidente da Impresa, faz questão de entregar, a encerrar esta grande festa.
Aplaudido de pé pelo público, aquele que no meio do futebol todos tratam respeitosamente por mister, voltou a chegar-se à boca do palco para mais um discurso de agradecimento, este já de improviso, mas nem por isso menos bem articulado. “Está-me a apetecer chorar. É demasiado forte”, começou por dizer, antes de agradecer à família, que considera “o suporte” da sua vida. “Isto é vosso, é muito mais vosso do que meu”, afirmou, interpelando diretamente a mulher, Guilhermina, com quem está casado há 38 anos, e o filho, Luís, ambos sentados na plateia, antes de se dirigir a todos os portugueses, os que estavam sentados à sua frente e os que estavam em casa a vê-lo pela SIC, e confidenciar, divertido: “A vocês, queria dizer-vos uma coisa: não me importava nada de voltar aqui em 2019!”
Já nos bastidores, Fernando Santos, que o ano passado foi reconhecido como Melhor Selecionador do Mundo pela IFFHS – Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol e venceu o troféu de Treinador do Ano nos Globe Soccer Awards, declarou à CARAS que receber o Globo de Mérito é, em simultâneo, “um orgulho, uma honra e uma responsabilidade. Porque não é só uma questão das vitórias no futebol, é mais pessoal, é o reconhecimento de quem sou e da minha forma de estar. Por isso o dediquei à minha família, que é o meu suporte”.
Não deixando de reconhecer que “os prémios têm sempre significado – seria humildade a mais dizer que não”, o mister tem a noção de que “a glória é sempre vã” e por isso garante que não deixa que ela o inebrie. Em contrapartida, frisa, com simplicidade: “O meu grande prémio é aquele que me acontece na rua, é a forma carinhosa como os portugueses me tratam.”
Responsável técnico pela Seleção Nacional desde 2014, Fernando Santos está, na verdade, habituado ao sabor da vitória desde há longos anos e nunca se tornou arrogante por isso. Depois de uma discreta carreira como jogador no Benfica, de que é adepto e sócio, estreou-se como treinador no Estoril Praia em 1986. Em 1994 mudou-se para o Estrela da Amadora, conseguindo os melhores resultados de sempre na história do clube. Isso valeu-lhe o convite, em 1998, para treinar o Futebol Clube do Porto, com o qual conquistou o penta, e onde ficou até 2001. Passou também pelo Sporting, pelo Benfica e por vários clubes gregos até que, em 2010, foi convidado para treinar a Seleção Grega, que no Euro 2012 consegui chegar aos quartos de final. Quatro anos depois, substituiu Paulo Bento à frente da Seleção Nacional, que se qualificou para o Europeu de 2016 em primeiro lugar no seu grupo. E num campeonato que nem sequer começou bem, conseguiu manter o moral da equipa sempre elevado, conquistando o ambicionado título a 10 de julho no Stade de France, num jogo contra França que o consagrou como herói nacional.
Fernando Santos duplamente premiado em noite de gala
O anfitrião da Gala dos Globos de Ouro, Francisco Pinto Balsemão, anunciou Fernando Santos como um “homem que parece ter como palavra de honra vencer” e “consegue construir a convergência de objetivos”.
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