Depois de um ano de desafios exigentes, com a sua vitória no Festival da Eurovisão e o transplante cardíaco a que foi submetido, Salvador Sobral marcou o regresso com uma entrevista transmitida esta quinta-feira, 15 de fevereiro, na RTP.
Em conversa com o jornalista João Adelino Faria, o irmão da também cantora Luísa Sobral confessou que 2017 foi “o ano mais díspar que alguém podia imaginar”.
Sobre a cirurgia garante: “É uma experiência fora desta realidade. Não poderia descrever em palavras. É impossível”, sublinha. Porém, o músico de 28 anos desvalorizou o ‘peso’ do que passou, dizendo que“o ser humano é super adaptável” e que “aquela situação, para mim, era a minha realidade”.
Admite não ter vontade de procurar a verdadeira identidade do dador do coração, assunto sobre o qual não mantém qualquer tipo de curiosidade. Não esconde, contudo, o receio que sentiu em todo o processo. “Seria um cubo de gelo se não tivesse medo”, admite.
Salvador conta ainda que, quando compõe ou interpreta, não pensa no transplante ou, tão-pouco, no facto de ter recebido um coração de outra pessoa.
Sobre a sensação de ver a sua canção Amar Pelos Dois interpretada em todo o mundo e, de forma particular, por não-lusófonos, Salvador afirma ser bom e insólito Sem querer assumir para si a responsabilidade de levar a música portuguesa e a própria língua a todo o mundo, não esconde ter escolhido a música como forma de influenciar os outros. “É por isso que eu faço isto: para tocar as pessoas, para influenciá-las, para fazê-las pensar e questionar-se também. Essa é a melhor parte: tocar as pessoas”, diz.
O músico está a preparar o seu terceiro disco (já gravou um primeiro de originais e o segundo ao vivo), para o qual convidou vários escritores e músicos que admira, de entre os quais Miguel Esteves Cardoso e Gonçalo M. Tavares e Samuel Úria. O seu sonho imediato é “viajar pelo mundo inteiro e tocar, descobrir culturas tocando. Que melhor maneira de descobrir o mundo do que tocar?”.