Há pouco mais de um mês, João Rôlo, de 53 anos, viveu o momento mais difícil da sua vida ao perder os pais, Maria Cândida e José, com apenas dois dias de diferença. No dia do funeral da mãe, o pai do costureiro acabou por morrer na sequência do desgosto. Apesar de estar a sofrer com esta dupla perda, João tenta agora perpetuar o amor que recebeu dos pais através do seu trabalho na área da moda. A dar cartas na alta-costura internacional, o estilista tem visto as suas criações fazerem furor nas passadeiras vermelhas mais importantes do mundo, deixando várias estrelas rendidas ao seu talento. Mel B, que integrou o grupo Spice Girls, é uma das mais recentes “manequins” do costureiro português. E, se tudo correr como previsto, a cantora irá usar uma das suas criação no casamento do príncipe Harry e de Meghan Markle, já no próximo mês de maio.
Numa entrevista emotiva e muito sincera, João Rôlo partilhou com a CARAS a montanha-russa de emoções que tem vivido. A perda dos pais, as saudades que ficam, o sucesso que está a ter além-fronteiras e os sonhos por realizar foram os principais temas desta conversa.
É a primeira entrevista que dá depois da morte dos seus pais. Como é que está a lidar com esta perda?
Não lido nada mal com a morte. Todos vamos morrer. Acredito que sou uma mera ferramenta para transmitir amor através dos meus vestidos. Foi difícil perceber isso, mas agora é giro ver que quem veste as minhas criações sente isso. Estou a conseguir que esse amor chegue às pessoas.
Mas acredito que esta perda o tenha afetado profundamente…
– Sim, claro. Nunca estamos preparados para perder os nossos pais. Ainda há dias estava a trabalhar e, de repente, disse que ia ligar para o meu pai. É nesses momentos que sinto mais saudades. Acredito que isto me irá acontecer até ao fim dos meus dias. A minha mãe estava doente e sabíamos que, a qualquer momento, poderia falecer. Agora o meu pai… morreu de desgosto. Ele não foi ao funeral da minha mãe. Por isso, mal a cerimónia terminou, os meus irmãos foram ter com ele. Passadas algumas horas, morreu.
Ter testemunhado um amor assim deve ser especial…
Sem dúvida. Eles foram casados durante 60 anos e viveram uma história fabulosa. Sou fruto de um grande amor. Os meus pais tinham um grande orgulho no meu trabalho. Eu fui a concretização daquilo que a minha mãe não conseguiu fazer, porque os tempos eram outros. Ela adorava vir ajudar-me. Somos uma família muito unida, sempre vivi com muito amor. Só tenho de agradecer, porque tive uns pais maravilhosos. O meu pai era rigoroso. Na nossa casa, havia horas para comer e jamais íamos para a mesa de pijama. E ainda hoje cozinho de fato. Não tenho um fato de treino nem T-shirts de andar por casa.
Fotos: João Lima; Produção: Rita Vilhena
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1180 da revista CARAS.
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