A vida de Carla Matadinho nem sempre foi fácil, em especial na infância e adolescência. Ainda assim, a empresária e ex-modelo sempre sonhou com uma família, desejo que aumentou assim que começou a namorar com Paulo Sousa Costa, há dez anos. Dois anos depois, o produtor perdeu o filho Paulinho, na altura com sete anos, e a vida de ambos nunca mais foi a mesma. Hoje, a dor permanece, mas a vida avançou, juntamente com os dois filhos, Letícia, de quase seis anos, e Sebastião, de um ano e meio.
O Dia da Mãe, data que Carla vive com intensidade, foi o pretexto para esta conversa, que, apesar de não ser só sobre a felicidade, é de muito amor.
– Acredito, por todo o seu percurso, que o Dia da Mãe tenha um significado especial…
Carla Matadinho – Sinto-me muito feliz em dias como este. Sinto-me uma mulher muito feliz e completa por ter podido ser mãe, pois, infelizmente, nem todas as mulheres o conseguem. Emocionalmente falando, ser mãe tem um significado muito grande para mim, por tudo aquilo que construí. O Paulo também incentiva muito os miúdos neste dia a darem-me os parabéns… Eu dou muito valor à família, que para mim é das coisas mais importantes que temos na vida. Infelizmente, eu não sou fruto de uma família tradicional, fui criada às três pancadas, perdi o meu pai muito cedo, a minha mãe tinha imensos problemas e eu fui buscar as minhas referências de família a algumas pessoas que cuidaram de mim e depois ao Paulo e ao Paulinho. Eles foram a minha primeira família, tinha neles um exemplo, e foi o Paulinho que puxou pelo meu lado maternal. Talvez seja antiquado, mas eu adoro ser mãe e penso muito no futuro da minha família, esperando sempre que tudo corra bem. Sonho como serão os meus filhos já crescidos, os filhos deles… Gosto muito de pensar assim e só peço que tudo corra bem para que um dia mais tarde consiga ser uma avó em pleno, já que também nunca tive isso.
– O facto de vir de uma família desestruturada faz com certeza com que dê maior valor a tudo o que alcançou.
– Certamente que sim, porque sei o que é não ter. Às vezes, as famílias que têm tudo apontam outras coisas ou as relações não são muito positivas. Lembro-me bem de não ter pai no Dia do Pai e de o Dia da Mãe ser algo muito estranho… Os meus amigos tinham uma estrutura familiar e eu não tinha, mas nunca me vitimizei por isso.
– E então como é que vive o Dia da Mãe?
– Eles vão sempre acordar-me e dão-me os parabéns e muitos beijinhos e depois vou para a escola da minha filha, onde organizam um lanche para comemorar o dia, altura em que ela me surpreende com as coisas que fez para mim. É um dia que tentamos que seja muito nosso.
– Quando fala no futuro da família, em especial dos seus filhos, faz sempre a ressalva ‘se tudo correr bem’. Foi a vida que a fez pensar assim?
– Sim. Sou uma pessoa muito positiva, e se assim não fosse tinha sido muito complicado, mas quando se perde alguém tão cedo, como foi o caso do Paulinho, ganhamos outra consciência. Só pedimos que não volte a acontecer e temos um medo horrível. Só peço que tenhamos sorte e que eles cresçam fortes e saudáveis e nós possamos ver toda a evolução que um pai quer para um filho.
– Como é que consegue contrariar esse medo, esses pensamentos?
– Logo no início, quando a Letícia nasceu, foi um processo muito delicado em relação ao futuro, mas tento viver um dia de cada vez e não deixar que nada condicione o hoje. O mais importante é o presente, com eles. O presente que depois se irá refletir no nosso futuro. Tento pensar sempre nisso. Acho que receios qualquer pai tem, mas nós temos um antecedente…
Fotos: João Lima
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1187 da revista CARAS.
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