António Cordeiro esteve esta tarde de sábado, 22 de setembro, no programa Alta Definição para falar abertamente do seu estado de saúde. Diagnosticado com paralisia supranuclear progressiva (PSP), doença rara e incurável para a qual não existe medicação específica, tenta combater a patologia com fármacos dirigidos à doença de Parkinson. Recordou na conversa com Daniel Oliveira alguns dos momentos mais importantes da sua carreira como ator.
Apaixonado pela corrida e pela representação, tem consciência de que será cada vez mais complexo desempenhar essas duas tarefas. Sente urgência de viver, lutando assim contra as manifestações da doença na linguagem e nos movimentos.
Apesar do cansaço físico, são as mazelas da alma que mais o incomodam: sem trabalho há vários meses, continua disponível para aceitar novos projetos. “Preciso muito de trabalhar, de sentir que as pessoas gostam de mim”, confessa. Diz viver de poupanças que darão apenas para mais um ano de vida e recusa-se a reformar-se aos 59 anos, na certeza de que ainda tem muito para fazer, pese embora o diagnóstico.
“Tenho uma doença e tenho de a resolver”, pensa para si mesmo. Sem fé em Deus, garante ter muitos momentos de introspeção ao longo dos dias, uns mais esperançosos do que outros.
Mais calado hoje em dia, acredita ter dito sempre o que pensava no trabalho e na vida pessoal e é sobejamente conhecido pelo seu sentido de humor.
Confessa ter aprendido muito com os atores Canto e Castro e Luís Alberto e, já durante a sua doença, conta ter recebido muitos agradecimentos de quem consigo diz ter aprendido a arte da representação.
Casado pela terceira vez, sem filhos, é na mulher que vê o seu grande apoio, bem como nos pais, de 84 e 85 anos, que se mantêm atentos às suas necessidades, particularmente desde que está doente. Lamenta não ter tido filhos, mas a ameaça da falta de dinheiro pela imprevisibilidade da profissão ‘falou’ mais alto. “Quando me for embora não fica ninguém para me lembrar… Quem é que se vai lembrar de mim? O tipo que vai ao YouTube ver as coisas que eu fiz?”, questiona.