Maurício Mattar esteve recentemente em Portugal para promover o seu mais recente projeto profissional, a novela Jesus, em exibição na TV Record, na qual interpreta o papel de Joaquim, pai de Maria e avô de Jesus. Afastado dos ecrãs de televisão há vários anos, o ator brasileiro, de 54 anos, entregou-se com paixão a este papel e, apesar de só aparecer nos primeiros oito episódios da história, garante ter sido muito doloroso despedir-se dos restantes profissionais envolvidos no projeto. Entretanto, e enquanto não surgem outros desafios ligados à representação, Maurício voltou a dedicar-se a outra grande paixão da sua vida, a música.
– Este ano celebra 40 anos de carreira. Ter recebido o convite para interpretar este papel foi uma bênção?
Maurício Mattar – Eu acredito que sim. É um momento auspicioso fazer uma novela com o nome de Jesus, o maior personagem da humanidade, e completar 40 anos de carreira. Tudo isto ao mesmo tempo é fantástico.
– E como é que um galã recebe o desafio de interpretar, pela primeira vez, o papel de um avô numa novela?
– Nunca me alimentei dessa história do galã, desse rótulo que as pessoas me deram, como se esse fosse o título mais importante da minha carreira. Uma pessoa não estuda para ser galã, mas sim para ser ator. A partir daí, vamos sendo direcionados para um nicho… Esta personagem, o Joaquim, é na verdade um homem muito amoroso, cheio de fé e de sabedoria. Fiquei muito feliz por poder dar-lhe vida nesta história.
– Entra apenas nos primeiros oito episódios. Não fica triste por ter de abandonar o projeto tão cedo?
– Fico, claro. Todos queriam ficar ligados mais tempo a este projeto, porque a história de Jesus é muito bonita e as pessoas apegam-se facilmente às personagens, à história. Damos vida às personagens com emoção, com o coração, e esse corte machuca. É uma catarse emocional que fere, mas que faz parte do nosso trabalho.
– Todos os seus filhos seguiram carreiras artísticas. Luã é maestro, cantor e compositor, Rayra é atriz e Petra é cantora. Houve certamente influências da sua parte…
– Eles seguiram as suas carreiras por desejo próprio, individual. Eu não interferi.
– Mas apoiou-os ou sentiu que os deveria desencorajar?
– Apoiei-os sempre, o tempo todo.
– Porque a representação e a música são duas áreas que o fazem verdadeiramente feliz?
– Sim. Se pudesse, diria para escolherem outra coisa, porque as profissões ligadas às artes, de um modo geral, são muito inseguras. Mas se eles escolheram, temos de os orientar.
– E eles ouvem e seguem esses conselhos? Ou preferem trilhar os seus próprios caminhos?
– Eles ouvem, mas vão, naturalmente, trilhando os caminhos com as próprias pernas.