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Paulo Miguel Martins
Assim que José de Bouza Serrano abre as portas de sua casa, somos imediatamente surpreendidos com as recordações dos anos em que serviu como embaixador em diversos países ou dos cargos que desempenhou como chefe de protocolo do Estado ou como adjunto dos secretários de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação e Desenvolvimento, entre muitos outros. Monárquico de coração, já foi agraciado com diversas condecorações nacionais e internacionais. Atualmente desempenha funções de inspetor-geral da Inspeção-Geral Diplomática e Consular do Ministério dos Negócios Estrangeiros e continua a dedicar-se a uma das suas paixões: a escrita. Recentemente apresentou o livro As Famílias Reais dos Nossos Dias, onde reflete sobre a forma como as famílias reinantes na Europa têm vindo a evoluir e como se têm adaptado a uma nova realidade, tentando manter as tradições.
– Porquê um livro sobre as famílias reais atuais?
José de Bouza Serrano – Os chefes de Estado dos países onde eu estive acreditado eram reis, rainhas ou príncipes, e essa sempre foi a minha realidade, o que me proporcionou imensa informação sobre eles. Quis que fosse um livro despretensioso, próximo das pessoas, mas que também retratasse a realidade e a minha visão daquelas famílias com quem convivi, que, no fundo, acabado o périplo, eram todos primos uns dos outros.
– A sua casa deixa bem evidente a sua paixão pela monarquia…
– Sou monárquico, mas sirvo a República, e tive uma coisa boa: o meu pai, apesar de ser republicano, sempre me deixou ter estas loucuras monárquicas, nunca me contrariou. [Risos.] Tornei-me colecionador e estes anos em que vivi passando de uma corte para outra mantiveram-me informado e permitiram-me juntar peças que acho importantes. Este livro surgiu-me numa altura em que servia na Holanda e a rainha abdicou do trono. Na cerimónia de entronização do príncipe herdeiro ocorreu-me este livro. Nunca tinha estado numa cerimónia com uma plateia tão grande de pessoas reais e soberanos e comecei a olhar para eles e a pensar até que ponto tinha evoluído a instituição. Porque todos eles estavam “mal casados”, no sentido em que os casamentos eram morganáticos. Fui juntando material durante o meu posto em Haia e fui escrevendo nos meus tempos livres. No geral, demorei cinco anos desde a ideia até à concretização.
– Onde foi buscar as informações?
– Às revistas da especialidade, aos livros, a tudo o que vivi naqueles países. Em Espanha, por exemplo, estive cinco anos e meio, e esse é o capítulo mais extenso, porque vivi aquela casa real mais de perto. Depois, tenho a capacidade de guardar tudo. Os menus, os convites, as conversas… Também me baseei muito em informação de pessoas próximas, que não gostam de ser citadas. As conversas são como as cerejas e é fácil ir sabendo coisas.
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1221 da revista CARAS.
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