Dizer que a recém-editada biografia não autorizada da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, é pouco lisonjeira é um enorme eufemismo: segundo as autoras do livro Madame la Présidente, Ava Djamshidi e Nathalie Schuck, jornalistas do diário Le Parisien, a mulher de Emmanuel Macron é de tal forma manipuladora que a entourage do Presidente fantasia… com a morte dela. Mas é apenas uma forma de assumirem que preferiam vê-lo fora da esfera de influência da mulher. Por outro lado, o mesmo livro admite que ela é bem aceite pelos ministros atuais e que é a primeira a pedir ao marido que deixe os conselheiros descansarem, pois considera que este tem tendência para abusar deles. Os mesmos que sonham com o desaparecimento dela. É o chamado fair-play.
Defendem as autoras que Brigitte é a primeira e última conselheira do marido, mesmo no que toca aos assuntos de Estado, retratando-a como uma das arquitetas da campanha que o levou ao Eliseu em 2017 e garantindo que foi ela que o “empurrou” para a corrida. Com um grande ascendente sobre o Presidente – que, dizem, procura frequentemente o olhar de aprovação dela em público –, a opinião de Brigitte será, reivindicam as autoras do livro, responsável pela nomeação de ministros, por exemplo, ou pelo facto de o marido ter começado a falar mais em público, pois, supostamente, disse-lhe que seria a melhor forma de se aproximar da população.
Não é difícil acreditar neste retrato de um casal que tem pouco de vulgar. Com uma diferença de idades de 24 anos (ele tem 41, ela 65), conheceram-se quando ele era adolescente e ela professora dele, casada e mãe de três filhos, dois deles mais velhos que o próprio Emmanuel: Sébastien tem mais três anos que o padrasto, Laurence, um, e Tiphaine é seis anos mais nova. Brigitte contaria, anos mais tarde, que a insistência dele em encontrar pretextos para passarem tempo juntos, sempre associados à disciplina de Dramaturgia que ela dava, foi-lhe permitindo conhecê-lo melhor. Os pais de Emmanuel mudaram-no de escola, incomodados com o interesse do filho na professora, mas ele ter-lhe-á dito que voltaria e haveria de se casar com ela.
“Fui completamente cativada pela inteligência dele”, explicaria mais tarde a atual primeira-dama numa entrevista à Paris Match. “Ele não era como os outros. Discutia com os professores, andava sempre cheio de livros. (…) Era uma relação de adulto para adulto.” Quando o jovem atingiu a maioridade, começaram a namorar às escondidas. Brigitte, entretanto, divorciou-se e o estigma da diferença de idades acabou por afastar os amigos dela. Foi preciso insistir na relação contra tudo e contra todos e, mais de dez anos depois, quando Emmanuel tinha 30 anos, acabaram por se casar.
Com este historial – veja-se que em termos de sacrifícios o percurso foi bem mais penoso para a antiga professora –, não admira que o Presidente francês tenho a maior consideração pela vontade e opinião da mulher.
Brigitte Macron: uma manipuladora, diz nova biografia não autorizada
Duas jornalistas retratam a mulher do Presidente francês, Emmanuel Macron, de forma pouco lisonjeira.
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