Bruno Bobone, de 58 anos, queria ser engenheiro, mas acabou por se licenciar em Gestão. Ainda muito jovem, ficou à frente da empresa da sua família, o Grupo Pinto Basto, uma missão que ao fim de mais de três décadas continua a apaixoná-lo. Enquanto construía uma carreira sólida na área empresarial, o gestor sempre teve um papel muito ativo na sociedade civil, sendo há vários anos presidente da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa. Paralelamente, Bruno Bobone também tem sido um pintor dedicado, tendo mostrado recentemente os seus quadros na exposição Sextas à Tarde.
Realizado profissionalmente, é um homem feliz dentro de casa. Casado e pai de quatro filhos, o administrador sempre educou pelo exemplo. Hoje, orgulha-se de ter formado adultos responsáveis, autónomos e capazes de resolver os seus problemas.
Numa tarde passada na sede do Grupo Pinto Basto, em Lisboa, onde também tem o seu ateliê, o gestor revisitou a sua infância, passada em Moçambique, o seu regresso a Portugal no pós-25 de Abril e o início do seu percurso como pintor. Nesta conversa descontraída, Bruno Bobone revelou os princípios que regem a sua vida e a marca que quer deixar em tudo aquilo que faz.
– Como é que, aos 40 anos, descobriu a pintura?
Bruno Bobone – A pintura sempre me fascinou. Nunca tinha experimentado pintar, até que um dia recebi no correio publicidade a um equipamento de pintura, que acabei por comprar. Depois, convidei um primo que é pintor a ir lá a casa. Observei-o a pintar e no dia seguinte comecei eu a pintar. Entretanto, já convidei muitos outros pintores e é a observá-los que tenho evoluído. A pintura tem um bocadinho de dom e tudo o resto é fruto do trabalho.
– Pinta várias referências da sua vida. Há quadros dos seus familiares e de paisagens de África, continente onde também viveu. Para si, a pintura tem de ser pessoal?
– Se pintarmos alguma coisa que não vivemos ou não conhecemos, a probabilidade de ela estar viva é muito pequena. Portanto, ou pintamos aquilo que conhecemos ou a pintura vira um postal, uma imagem sem vida. Temos de sentir. Nunca reproduzo exatamente o que vejo e sim aquilo que entendo do que vejo.
– A pintura é um hobby ou é cada vez mais uma atividade profissional?
– O termo hobby não faz qualquer sentido na minha vida. Faço tudo com o mesmo profissionalismo, independentemente de ter responsabilidades diferentes em cada uma das atividades que exerço.
Leia a entrevista na íntegra na edição 1235 da CARAS