
Pedro Jorge Melo
Foi pouco depois da adolescência que Sharam Diniz viveu uma relação abusiva, que lhe deixou marcas para sempre. Agora, aos 28 anos, sente que está na altura de tornar pública a sua experiência, na esperança de conseguir ajudar outras jovens mulheres que passam ou passaram pelo mesmo.
Antes de ter início, na Assembleia da República, o desfile com o mote A violência não está na moda, a manequim e atriz luso-angolana partilhou a sua história, dando rosto, corpo e emoções a uma realidade dramática que pode bater a qualquer porta.
– O que a trouxe a este desfile?
Sharam Diniz – É uma causa especial para mim e da qual falo em nome próprio. Pouco depois da adolescência tive um namoro em que as coisas começaram a não correr bem, com vários episódios de violência doméstica. Percebi que nessas situações tentamos não dar importância ao que está a acontecer porque gostamos da outra pessoa.
– E há também a vergonha de admitir o que se está a passar…
– Há vergonha em admitir que somos vítimas e também ficamos sem coragem porque temos medo de ficar sozinhas. Também achamos que somos culpadas pelo que está a acontecer. As mulheres devem ter coragem para procurar ajuda. devem falar com a família, amigos, psicólogos ou com alguém que as possa ajudar. É muito importante não deixar o agressor impune. Atenção, que isto que se passou não foi com o meu ex-marido [o gestor Marcelo Costa], quero deixar isso bem claro. Foi antes.
– E como é que a Sharam arranjou coragem para sair dessa situação?
– A minha família ajudou-me. E foi graças a ela que o pior não aconteceu. Continuo a ver mulheres que passam por isso e que acham que são as culpadas e não têm coragem para denunciar. Acham que se o fizerem vão ser vistas como as vilãs da história. O amor não passa pela violência em momento algum. Quem gosta não maltrata.