Em junho de 2014, quando o seu filho, André, morreu, a vida de Judite Sousa mudou para sempre. Desde então, passou a sentir uma tristeza profunda, que não passa nem se escamoteia. Ser feliz deixou de ser possível, almejando apenas desfrutar de momentos de “paz interior”, como explica. Perdeu amigos, desiludiu-se e ficou uma mulher mais só. O trabalho tornou-se a sua boia de salvação, o companheiro de todos os dias, o prazer que a agarra à vida. Contudo, Judite é mais do que esta mulher sofrida que teve de aprender a conviver com a depressão e com altos e baixos emocionais. É um exemplo de coragem e de superação, uma referência profissional que atravessa gerações e uma mulher sensível que preserva o sorriso fácil e alguma ingenuidade. Alguém que não baixou os braços e tem ainda muito para partilhar com o público, seja através do trabalho na redação da TVI, do blogue homónimo ou dos livros.
A dias de lançar o seu oitavo livro, Duas ou Três Coisas sobre Mim, a jornalista conversou com a CARAS sem receio de expor fragilidades e revelou como, no meio de um luto perpétuo, continua a fazer sentido olhar para o futuro.
– Já assumiu ser muito diferente da Judite que as pessoas veem no ecrã. Que mulher é fora da televisão?
Judite Sousa – Sou uma mulher divertida, com rasgos de ingenuidade. Às vezes, contam-me uma história ficcionada e eu acredito. Gosto de dançar, de conviver com os amigos, de me rir com coisas banais… Sou extrovertida e gosto imenso de conversar. Essa é a verdadeira Judite. As figuras televisivas acabam por ter dupla personalidade. Por um lado, há a jornalista que dá notícias, por outro, existe a pessoa, que surge quando as luzes se apagam e se vai embora para casa.
– E aí desliga-se da jornalista?
– É difícil fazê-lo, porque quando se começa a trabalhar com 18 anos, como foi o meu caso, a profissão acaba por ficar colada à nossa pele. Contudo, quando estou com os meus amigos, a rir e a comer frango assado, não estou a pensar no trabalho que tenho para fazer no dia seguinte.
– O que faz para se divertir?
– Viajar. Graças à RTP e à TVI, tive a oportunidade de viajar por todo o mundo. Só me falta conhecer a Oceania. Já fui mais de uma dezena de vezes à China, corri o Japão, conheço os países mais terríveis de África e já passei várias passagens de ano no Rio de Janeiro. Estou sempre disponível para viajar. Se no trabalho me disserem “queres ir amanhã para tal sítio?”, vou e fico toda contente.
– É uma mulher impulsiva?
– Sou muito impulsiva, sobretudo quando se trata de afetos. Quando estou perante situações delicadas, as palavras que me saem não são por vezes as mais perfeitas. E até posso arrepender-me de algo que tenha dito. Não sou calculista, nem profissional nem pessoalmente, ajo por impulso. Há uma certa dose de loucura na minha impulsividade.
– Diria que é uma pessoa de tudo ou nada? Ou está muito feliz ou muito triste?
– Não. A felicidade é algo indefinível. Tenho momentos de tristeza, como toda a gente. Há coisas que me entristecem muito, como as desilusões e o facto de ser confrontada com a mentira. Também não gosto de ver as minhas expectativas frustradas nem de lidar com o fracasso. Lido bem com a crítica, mas lido mal com o fracasso.
– E já teve muitos fracassos?
– Sim, já fracassei muitas vezes, não como profissional, mas como pessoa.
Leia esta entrevista na íntegra na edição 1185 da revista CARAS.
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