
Paulo Miguel Martins
Foi com o seu sorriso tão característico que Andreia Dinis, de 41 anos, chegou ao espaço Mundet Factory, no Seixal. Um sorriso que se tornou ainda mais rasgado ao lembrar-se do tempo em que viveu naquela zona e das caminhadas que dava junto ao rio enquanto estava grávida de Flor. Hoje vive outra fase, tanto a nível pessoal como profissional. Estreou-se em teatro no mês passado, com a peça Ding Dong, regressou este ano à televisão, com Golpe de Sorte, e está focada no seu caminho como atriz. Inalterável mantém-se o amor que vive há quase 23 anos com Daniel Teixeira e o bom humor com que encara a vida. E foi sobre tudo isto e muito mais que conversámos.
– Depois de um período mais parado, 2019 trouxe-lhe um projeto televisivo e uma estreia em teatro.
Andreia Dinis – É verdade. Foi o regresso à vida ativa enquanto profissional e soube-me muito bem. O meu papel em Golpe de Sorte foi pequeno, mas deu-me muito prazer e sinto que marcou as pessoas. Entretanto, surgiu o convite para fazer esta peça… Sou atriz há 16 anos e é a minha estreia em teatro profissional. Já tinha tido outros convites, mas sempre me quis sentir segura. E aqui posso fazer teatro com uma grande produtora, com um excelente encenador, com um elenco maravilhoso… Este é um trabalho completamente diferente daquele que faço em televisão, sobretudo na construção da personagem.
– Disse que esperava o convite certo para fazer teatro. Saber perfeitamente o que quer tem sido um bom orientador na sua carreira?
– Q. b., pois se, por um lado, sou muito fiel aos meus valores e àquilo que acredito ser bom para mim e para a minha carreira, por outro isso traduz-se muitas vezes em paragens. É um misto entre saber que tomei a decisão certa e a vontade de trabalhar. Acredito piamente que tenho tomado as melhores decisões com base no contexto em que cada uma surgiu, mas hoje, olhando para trás, talvez fizesse algumas coisas diferentes.
– Como é que se gerem esses períodos de paragem?
– Com muito apoio familiar e tentando relativizar. Faço questão de pensar que é só uma fase, e nesses períodos viro-me para dentro, no sentido de encontrar um equilíbrio que nem sempre é fácil. Mas claro que me sinto um bocadinho esquecida e injustiçada, até porque na rua sinto o carinho do público. Ainda assim, acredito que esta carreira que tenho construído tem sido sólida, ainda que não seja totalmente mediatizada.
– Mas é inevitável não sentir medo nessas fases…
– É. Por mais seguro que um ator seja, por muito bem resolvido que esteja quanto ao seu talento, tudo isto causa muita insegurança. É uma vida muito instável.