No dia em que o Teatro Experimental de Cascais celebrou o seu 54.º aniversário, Carlos Avilez realizou um sonho antigo: levou ao palco a peça Lulu, de Frank Wedekind. “Já tentei fazer esta peça várias vezes. É a terceira vez que tento e agora consegui. É uma peça de uma grande dificuldade, mas agora estou a trabalhar com um elenco de luxo. São pessoas com quem gosto muito de trabalhar, têm sido extraordinárias. É uma peça-chave do teatro moderno e é um desafio para qualquer encenador e elenco”, explicou o encenador momentos antes de o espetáculo começar.
Ao longo de quase três horas, Bárbara Branco, de apenas 20 anos, interpreta uma mulher que conquista os homens e que é, simultaneamente, vítima deles, um papel exigente que a obriga a expor-se por inteiro no palco, como contou: “Acho que nunca mais vou ter um papel como a Lulu, e dizer isto aos 20 anos é uma grande responsabilidade. Sozinha não conseguiria segurar uma peça de três horas. Preciso mesmo de ter estes colegas em cima do palco. É uma honra trabalhar com eles. Temos um excelente ambiente de trabalho.”
Nesta noite tão importante na sua carreira, a jovem atriz não contou com a presença do namorado, o também ator José Condessa, que está a gravar uma novela no Brasil. Contudo, a distância parece não abalar a relação, como nos confidenciou Bárbara: “Tenho pena de o Zé não estar aqui, mas temos lidado bem com as saudades. Falamos todos os dias, como aconteceu mesmo antes de a peça começar. Ele está presente, sinto-o perto. Não é um oceano que nos separa.”
Quem também sobe ao palco nesta peça é Ruy de Carvalho. Fazendo uma pequena participação, o consagrado ator recorda que não há pequenos nem grandes papéis e que é bom dar espaço aos outros: “É um sonho ver uma colega tão nova fazer este papel. A Bárbara Branco já é uma certeza no teatro em Portugal. É uma estrela que está a nascer. E para mim é uma honra pertencer a este elenco, porque é um espetáculo difícil. O teatro é uma arte coletiva e todos temos de estar bem para que o protagonista brilhe.”