Há 60 anos que Júlio Isidro chega a casa dos portugueses. Através da rádio e da televisão, o comunicador foi conquistando com a sua sensibilidade, à-vontade, sentido de humor e inteligência um público que atravessa várias gerações.
Como forma de reconhecerem o talento e a longevidade da carreira do apresentador e locutor, de 75 anos, familiares, amigos, colegas e admiradores encheram o Salão Preto e Prata, no Casino Estoril, para homenagearem o homem humilde e o profissional exímio que continua apaixonado por aquilo que faz. “Quando era miúdo, achava que chegar ao ano 2000 já seria uma coisa extraordinária! Bom, esperava chegar a esta idade, mas não me passava pela cabeça completar 60 anos de carreira a trabalhar. Só penso: ‘Como é que isto me aconteceu?’ Que é um bom epitáfio, aliás. Nunca fiz planos e nem me fui apercebendo do tempo a passar. Só agora é que caí em mim. Acho que não sou o ‘Senhor Televisão’. Essas definições trazem muita responsabilidade e até alguma concorrência. Prefiro que digam que sou um senhor que trabalha na televisão. A reforma ainda está longe. Quero ser jubilado”, partilhou o protagonista da noite momentos antes de esta gala começar.
Ao longo de aproximadamente três horas revisitaram-se 60 anos de trabalho. Do mítico programa Febre de Sábado de Manhã às entrevistas às grandes estrelas do cinema internacional, os sucessos de Júlio Isidro voltaram à ribalta, levando a plateia numa verdadeira viagem pelo tempo. Todos estes momentos e testemunhos foram delineados pela produtora Sandra Isidro, que, além de trabalhar com o apresentador há 30 anos, é também a sua mulher e mãe das duas filhas mais novas, Mariana, de 21 anos, e Francisca, de 17. “É um dia muito emocionante, até porque fiz toda a produção de conteúdos desta gala com o apoio imprescindível da RTP e do Casino Estoril. Revisitar a vida do Júlio foi algo que me deu muito prazer. Foi uma gala feita com os seus amigos. Foi muito gratificante ver a disponibilidade de todos”, contou Sandra.
O momento alto da noite aconteceu no palco, quando António Costa distinguiu o apresentador da RTP Memória com a Medalha de Mérito Cultural. Pondo-se no lugar dos muitos telespectadores, o primeiro-ministro fez questão de destacar a dedicação e talento do comunicador: “Hoje estivemos numa gravação ao vivo de um episódio do Conta-me como Foi e foi muito bonito graças àquilo que o Júlio Isidro nos deu ao longo destes 60 anos. Espero que daqui a 10 continuemos a homenageá-lo.”
Apesar de não ter ido a esta gala por se encontrar fora do país, Marcelo Rebelo de Sousa também quis deixar uma mensagem. “Quando o Júlio Isidro teve um pequeno incidente cardiovascular, uma boa parte do país estremeceu, porque estava habituada a vê-lo noite após noite, muitas vezes tarde após tarde, e de quando em vez manhã após manhã há não sei quantas décadas, o que o tornou intemporal. Ele foi acompanhando os tempos, sucederam-se os regimes, mudaram as modas, as sensibilidades e os estilos e ele ficou, devido a essa intemporalidade cheia de afeto e de compreensão pelos outros”, referiu o Presidente da República.
Júlio Isidro celebra 60 anos de carreira em noite emotiva
O apresentador e locutor assinalou os seus 60 anos de carreira na gala “Júlio Isidro – ‘Ainda’ ao Vivo e a Cores”, que decorreu no Casino Estoril. O primeiro-ministro, António Costa, e a ministra da Cultura, Graça Fonseca, estiveram presentes.
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