Em 30 anos de carreira cabem muitas histórias. Que o diga Teresa Guilherme, que acaba de apresentar o livro O Avesso do Direto, no qual conta alguns dos episódios que viveu enquanto apresentadora, produtora e atriz.
Ao longo de quase 170 páginas, Teresa revisita os bastidores do Big Brother, do Não se Esqueça da Escova de Dentes, de Ai, os Homens e de tantos outros programas e projetos que tiveram o seu cunho, revelando um pouco mais da mulher de personalidade forte que entretém os portugueses há tantos anos. “As pessoas têm esta ideia do lado maravilhoso do espetáculo e da televisão. E o que é maravilhoso é o risco, é estar ali, não saber o que vai acontecer e perceber como é que vamos conseguir dar a volta à questão. São histórias que todos os que trabalhamos nesta área contamos uns aos outros e acho que o público também deve ter acesso a elas. É importante que as pessoas descubram como isto se faz. Espero que se divirtam a ler este livro”, referiu a autora durante a apresentação, que decorreu no Páteo Alfacinha.
Para estar ao seu lado nesta tarde de partilhas e memórias, Teresa Guilherme convidou Cristina Ferreira e Júlio Isidro. Não obstante o facto de ser uma das mulheres mais poderosas e populares da televisão, a nova diretora de Entretenimento e Ficção da TVI fez questão de elogiar o percurso dos seus colegas de mesa, que continuam a inspirar o trabalho de tantos: “Sinto-me muito pequenina em relação aos dois. Tenho muita pena de não ter vivido a vossa televisão. Acho que era a televisão na sua forma mais mágica e que hoje em dia se perdeu um bocadinho. Hoje é fácil alguém estar dentro da televisão e tornar-se famoso, e vocês viveram aquele período em que para se ir à televisão era preciso ser-se muito especial. Quando já se foi muito bom e genial, não se pode deixar de ser, e acho que isso é o que melhor assenta à Teresa. Aquilo que ela continua a fazer na televisão todos os dias é motivo de muito orgulho para mim.”
Numa viagem entre o passado e o presente, Júlio Isidro, que já conta com 60 anos de carreira, partilhou as suas ideias em relação à televisão que pode conquistar o público: “Os meus maiores sucessos foram feitos na televisão de ‘vão de escada’. A televisão vive de muito mais além dos móveis que lá são postos. O Passeio dos Alegres era feito num estúdio com 250 metros quadrados e chegava a 95% do país. O ato criativo e da imaginação é muito mais importante. Se não houver conteúdo, não há coisa nenhuma. Hoje, o apresentador ou apresentadora também tem de ser muito giro, e acho que não é por aí. Uma mesa e uma cadeira podem, muitas vezes, fazer um grande programa de televisão. Estamos numa sociedade que vive para as aparências. É muito importante fazer televisão olhos nos olhos com o público.”