
A energia inesgotável de Maria João, de 64 anos, é equilibrada na perfeição com a sua serenidade e com a tranquilidade que emprega em cada palavra, sem nunca perder a força da mensagem que quer transmitir. Com uma carreira de 37 anos e dona de uma presença em palco muito própria, que a distingue da maioria dos artistas portugueses, a cantora encontrou há 12 anos uma nova paixão, os Ogre Electric, projeto em que mistura jazz com música eletrónica. Agora, o projeto acabou de lançar o terceiro álbum, Open Your Mouth, que a cantora diz ser “um disco diferente dos anteriores, assumidamente eletrónico”. Este trabalho conta também com a “mão” do seu filho, Jonas Grancha, de 30 anos, que tratou de toda a parte gráfica. “E está incrível. Já não quero outra pessoa a fazer as minhas capas”, diz Maria João.
– O que é o projeto Ogre?
Maria João – O conceito Ogre começou comigo e com o João Farinha [teclados, sintetizadores, composição e produção]. No início, éramos apenas os dois, depois passámos a cinco, com um projeto mais misturado entre o acústico e o digital. Com o tempo, acabámos por nos instalar verdadeiramente nesta vertente eletrónica mais assumida e neste álbum juntámos também o hip-hop.
– É um disco completamente escrito por si. Como funciona a parte da composição?
– É quando aparece. Eu estou sempre a cantarolar em casa, a arranjar sons. Estou disponível para todos os sons à minha volta, tudo tem melodia e ritmo, e isso inspira-me. Primeiro cozinho as letras na minha cabeça, às vezes nem consigo dormir, e aquilo começa a ganhar forma. É aí que as escrevo.