Mulher, negra, filha de migrantes. As eleições presidenciais de 2020 nos Estados Unidos da América são um marco na história do país, que elegeu a primeira mulher para o cargo de vice-presidente. Na noite do último sábado, 7 de novembro, dia em que foi definida a vitória de Joe Biden, Kamala Harris fez um discurso forte sobre os direitos das mulheres, com ênfase à luta das mulheres negras, e deixa uma mensagem de esperança para as crianças, palavras que estão a rodar o mundo.
Kamala Harris tem 56 anos, é advogada e senadora pelo estado da California desde 2017. Nasceu em Oakland, na Califórnia, e é filha de pais imigrantes: a mãe é nascida na Índia enquanto o pai tem origem Jamaicana. Criada durante boa parte da vida pela mãe, pesquisadora sobre o cancro e ativista pelos direitos civis, Harris cresceu muito próxima da cultura hindu, porém ainda mais envolvida na cultura negra da California, assim como a irmã, Maya. “Ela sabia que a nova terra onde vivia veria Maya e eu como raparigas negras, e estava determinada a nos fazer crescer como mulheres negras orgulhosas e confiantes”, escreveu Kamala na autobiografia “The Truth We Hold”.
Kamala frequentou a Howard University, historicamente uma universidade criada para educar negros, e que atualmente é composta por mais de 80% de alunos afrodescendentes. Durante a vida universitária, a vice-presidente eleita teve contacto com movimentos sociais pelos direitos de pessoas negras. Sobre a sua identidade, Kamala afirma sentir-se bem na sua pele, sendo apenas “uma americana”. “Meu ponto é: sou quem sou. Estou bem comigo mesma. Vocês podem precisar descobrir, mas estou muito bem assim”.
Em 2014, Kamala Harris casou-se com Doug Emhoff e tornou-se madrasta dos dois filhos do advogado, Cole e Ella. “Quando nos casamos, Cole, Ella e eu concordámos que não gostávamos do termo ‘madrasta’. Então, criámos um novo nome: Momala”, disse a então senadora para a revista “Elle” norte-americana.
Discurso viral
As palavras de Kamala Harris no discurso em que reconhece a vitória das eleições presidenciais de 2020 estão a correr a internet. A vice-presidente eleita agradeceu a família inteira mas, em especial, à mãe, Shyamala Gopalan Harris. “Quando veio da Índia, aos 19 anos, ela poderia não imaginar que este momento aconteceria. Mas ela acreditava nisto com tanta profundidade, numa América onde um momento deste poderia acontecer. Então eu penso nela, e em toda uma geração de mulheres, mulheres negras, asiáticas, brancas, latinas, nativo-americanas, que ao longo da história da nação abriram o caminho para o momento desta noite”.
Kamala também referiu-se às mulheres negras como “coluna vertebral da nossa democracia”, e falou sobre o movimento sufragista nos Estados Unidos da América. “Todas as mulheres que trabalharam para assegurar e proteger o direito ao voto por mais de um século”.
Por fim, a senadora agradeceu a “coragem” de Joe Biden por “quebrar uma das mais substanciais barreiras no nosso país e selecionar uma mulher para ser sua vice-presidente”. Kamala aproxima-se do final do discurso com uma das frases que se tornou viral nas redes sociais: “Enquanto sou a primeira mulher neste cargo, não serei a última”, e continua: “Porque toda rapariga que está a ver o que está a acontecer hoje, sabe que este é um país de possibilidades”.
