Determinado, trabalhador e resiliente, Cristiano Ronaldo é um fenómeno dentro das quatro linhas, onde soma títulos, prémios e recordes. Mas há uma crítica que costumam fazer-lhe e que poderá espelhar um pouco daquilo que é a sua personalidade: é muito individualista e focado nos seus próprios sucessos. Ainda a semana passada, a propósito da derrota que a Juventus, equipa italiana onde joga, sofreu frente ao FC Porto nos oitavos de final da Liga dos Campeões, o antigo jogador italiano Antonio Cassano, em conversa com um jornalista, defendeu uma opinião que é comum ouvir-se sobre o internacional português, agora com 36 anos: “Sempre o disse, Cristiano é um fenómeno e pode ter marcado biliões de golos, mas (…) sempre foi um pouco egoísta, pouco lhe importa se os outros marcam, é um jogador que vive para marcar. Não vive para o jogo, vive para o golo, e neste momento está a tornar-se evidente.”
Olhando para o percurso pessoal do jogador, também aí se pode encontrar um certo individualismo a dominar algumas das suas opções, nomeadamente no que toca à experiência da paternidade, recorrendo a barrigas de aluguer para ter os três filhos mais velhos, Cristiano Ronaldo Jr., agora com 10 anos, e os gémeos Eva e Mateo, de três, em vez de partilhar a experiência com uma companheira. Em 2010 anunciou o nascimento do primeiro com um comunicado que dizia: “É com muita alegria e emoção que informo ter sido recentemente pai de um rapaz. Por acordo com a mãe, que prefere manter o anonimato, o meu filho ficará confiado à minha guarda exclusiva.”
Início da mudança
O bebé nascera a 17 de junho, nos Estados Unidos, quando Ronaldo disputava o Mundial da África do Sul, e o anúncio, a 4 de julho, apanharia todos de surpresa. Nesse mesmo ano, o jogador tinha começado a namorar com a modelo russa Irina Shayk, mas os dois sempre foram bastante discretos, raramente comentando a relação. E embora esta tenha sido vista com alguma regularidade na companhia de Cristiano Ronaldo Jr., era a mãe do jogador, Dolores Aveiro, quem se ocupava da educação da criança. O romance durou cinco anos, mas Irina nunca pareceu próxima do filho de Ronaldo, especulando-se que essa era uma das razões para que Dolores Aveiro não visse nela a mulher ideal para o filho. A separação aconteceu em 2015, e um ano depois Ronaldo conheceria aquela que acabaria por se tornar a sua companheira incondicional, Georgina Rodríguez – ou Gio –, nove anos mais nova.
O poder do amor
A espanhola provocou uma reviravolta na vida do futebolista, que ao lado dela iniciou uma relação estável e publicamente assumida, tendo desde logo sido evidente que Gio aceitou o papel de mãe de Cristiano Jr., então com seis anos. Os dois acabariam por decidir ter um filho juntos quando o jogador já esperava o nascimento dos gémeos, também fruto de uma barriga de aluguer, projeto que a namorada terá acolhido sem reservas.
Família volta a aumentar
Eva e Mateo nasceram a 5 de junho de 2017, quando Georgina já ia no segundo trimestre da sua própria gravidez. “Tão feliz por poder pegar nos dois novos amores da minha vida”, escreveria o craque nas suas redes sociais, mostrando os recém-nascidos, com a namorada a revelar-se igualmente entusiasmada e escrevendo: “Happy day.”
A 12 de novembro nasceria a filha do casal, Alana Martina, e desde então os dois têm-se mostrado uma família em tudo igual a qualquer outra, fazendo férias a cinco, com espaço para escapadelas românticas a dois, e partilhando nas redes sociais inúmeros momentos caseiros de pais e filhos. A entrada de Georgina na família permitiu, inclusivamente, a Dolores Aveiro passar a desempenhar apenas o papel de avó, sem sentir necessidade de assumir o de mãe dos filhos do jogador.
Coração aberto
Ao lado de Georgina, Ronaldo esqueceu o secretismo e a reserva de anteriores relações e passou a fazer declarações de amor nas redes sociais, assim como a recebê-las da companheira. “Felicidades ao amor da minha vida”, escreveu o jogador na sua conta de Instagram em janeiro último, quando Gio fez 27 anos. “Chegarmos a velhos com a mesma ilusão de hoje”, desejou, por sua vez, Georgina no aniversário de Ronaldo, já este mês de fevereiro.
O que os une
Não é difícil perceber o que Ronaldo e Georgina têm em comum: quando se conheceram, a espanhola trabalhava numa loja de roupa e aprendera há alguns anos a depender de si própria e do trabalho, devido à vida atribulada dos pais, que depois de um negócio mal sucedido tinham acumulado dívidas e seguido caminhos separados, ele de regresso à Argentina, país onde nascera, ela mudando-se para Itália, deixando Gio e a irmã, Ivana, em Espanha.
A própria modelo evoca esse passado na entrevista que deu à edição deste mês de março da revista espanhola InStyle, da qual é capa: “Agora que posso, ajudar os outros é o que mais me dá satisfação. Também sei o que é começar de baixo e chegar apertada ao fim do mês. Tenho muita empatia com as pessoas, devido às minhas origens humildes.” Por seu lado, Ronaldo, como se sabe, não teve propriamente uma infância desafogada na Madeira, onde sempre viu os pais trabalharem arduamente, com um espírito de sacrifício que ele transportou para a sua vida profissional. Não é por acaso que hoje em dia são ambos generosos nas ajudas que dão aos mais desfavorecidos.
Quando se apaixonaram, Georgina não se terá deslumbrado ao ponto de deixar de ter os pés assentes na terra e ainda tentou continuar a trabalhar, até que a perseguição constante dos paparazzi inviabilizou essa hipótese. Mas para Ronaldo parecia importante ter a seu lado alguém que quisesse dedicar-se à família, e os dois encontraram-se numa vontade comum, que se traduz na sintonia que hoje evidenciam. “Tempo em família é o melhor” ou “nada melhor do que celebrar as vitórias com aqueles que amamos” são frases que o jogador publicou este verão, com fotos dos cinco em férias, mostrando que, mesmo que em campo possa parecer exclusivamente centrado em fazer chegar a bola à baliza adversária, em família aprendeu a ceder o protagonismo a favor do bem-estar de todos, valorizando a harmonia que encontrou ao lado da companheira.
O futuro do casal
O casamento poderá estar nos planos em comum, quem sabe esteja até a ser adiado pela situação de pandemia, pois Gio assumiu essa vontade numa entrevista que deu em 2018 à revista Hola!: “Tal como qualquer mulher apaixonada, adorava, em algum momento, casar-me. Mas por agora estamos com muitas outras coisas em mente e entre mãos e acredito que isso não é prioritário. Somos superfelizes tal como estamos.”
E para que não restem dúvidas de que ela faz parte dos planos de futuro do jogador, este alterou o seu testamento em 2019, para deixar à companheira a mansão que tem em Madrid, no exclusivo bairro La Finca, avaliada em cerca de oito milhões de euros. E Gio, se dúvidas houvesse, continua totalmente rendida ao jogador: “Cada dia ao lado dele é um presente”, declara na já referida entrevista que deu há dias à InStyle.