As décadas de carreira e os vários prémios que soma pelo trabalho em televisão, teatro e cinema não tornaram mais fácil o desafio de encarnar a antiga primeira-ministra britânica Margaret Thatcher na série da Netflix The Crown. Quem o diz é a própria Gillian Anderson, de 52 anos, ao site Deadline Hollywood: “Há certas coisas na vida que temos de aceitar antes que o medo nos faça dizer que não.” O resultado foi uma personagem marcante, sobretudo pela forma de falar e andar, que lhe valeu, para já, uma nomeação para o Golden Globe de Melhor Atriz Secundária (se ganhar, será o segundo, depois do que venceu em 1997 pela emblemática série Ficheiros Secretos, que lhe deu também dois prémios Screen Actors Guild e um Emmy) e duas nomeações para os SAG, um deles partilhado com o restante elenco. A sua interpretação da “Dama de Ferro” passará a ser provavelmente um papel tão relevante na biografia profissional da atriz quanto o foi a agente do FBI Dana Scully que interpretou nos anos 90, ao lado de David Duchovny, para a já referida série Ficheiros Secretos. E é o seu segundo trabalho com relevância na plataforma de streaming Netflix, onde fez recentemente a terapeuta sexual de Sex Education.
Nascida em Chicago, filha de uma analista informática e de um empresário proprietário de uma companhia de pós-produção de filmes, Gillian Anderson tem um irmão e uma irmã, Aaron e Zoe, ambos mais novos, e cresceu em Londres, para onde a família se mudou quando tinha dois anos, e onde vive hoje em dia, depois de se ter formado em Representação nos Estados Unidos, na sequência de várias experiências no teatro amador britânico.
Pouco convencional, Anderson foi escolhida pelos colegas do secundário como sendo “a rapariga mais bizarra” e a colega “com maior probabilidade de vir a ser presa”. O que aconteceu logo na noite em que terminou o liceu, por ter posto cola nas fechaduras da escola para impedir a sua abertura. O seu percurso profissional acabaria por desmentir essas expectativas, mostrando, afinal, uma pessoa que construiu uma carreira sólida e com um sucesso consistente: além dos prémios já referidos, Gillian Anderson tem uma estrela no Passeio da Fama, recebeu em 2016 uma condecoração honorífica, a Ordem do Império Britânico, faz parte da London Film School desde 2010 e em 2009 foi considerada uma das 20 mulheres mais poderosas do teatro britânico.
Menos convencional tem sido o seu percurso sentimental: casou-se pela primeira vez aos 25 anos, com Clyde Klotz, produtor da série Ficheiros Secretos, numa cerimónia budista que decorreu no Havai. Um mês depois ficou grávida da filha mais velha, Piper Maru, que nasceu a 25 de setembro de 1994. A união duraria três anos, e em dezembro de 2004, depois de um longo noivado, a atriz casava-se pela segunda vez, com o jornalista e documentarista Julian Ozanne, com quem trocou alianças durante um safari no Quénia. Divorciaram-se em 2006 e em novembro desse mesmo ano nascia o seu segundo filho, Oscar, da relação entretanto iniciada com o empresário Mark Griffiths, com quem teve mais um filho, Felix, nascido em 2008. Separaram-se em 2012, meses depois de Anderson ter admitido a sua bissexualidade numa entrevista à publicação Out, contando que manteve uma longa relação lésbica quando era estudante e que ocasionalmente se envolvia com mulheres.
Mais recentemente, foi muito comentada na imprensa a sua relação com o argumentista e produtor da série The Crown, Peter Morgan, pois em dezembro último, depois de quatro anos juntos, durante os quais mantiveram casas separadas, terminaram a relação semanas antes de ele ter ido viver com a socialite e produtora britânica Jemima Khan, que foi uma grande amiga da princesa Diana. Gillian Anderson terá ficado surpreendida com a rapidez com que tudo se passou. E eis que menos de um mês depois surgem notícias de que o produtor britânico, de 57 anos, terminou esse intenso e fugaz romance com Jemima e voou – literalmente – para os braços de Gillian Anderson, que está a rodar um filme na República Checa (White Bird: A Wonder Story), e, diz a imprensa britânica, o aceitou de volta. Os próximos tempos mostrarão se a reconciliação realmente se confirma.