Tem circulado, nas redes sociais, um vídeo em que um grupo de crianças, com destaque para uma rapariga de 13 anos, persegue um outro colega numa atitude característica de bullying. O episódio, no qual o rapaz acaba atropelado enquanto tenta fugir, tornou-se viral e tem sido bastante comentado por várias figuras públicas.
Recentemente, Nuno Markl recorreu ao sucedido para alertar para o facto de estarmos a caminhar para uma “cultura de ódio vivo que é normal que passe de pais para filhos – a chamada ‘educação’“. Confira as palavras do humorista:
“No espaço de poucas horas vimos miúdos imbecis a fazer bullying de Internet ao actor @manelmoreira e miúdos imbecis a fazer bullying na rua a este miúdo, que acabou atropelado por um carro à conta disso (a história podia ter acabado ainda pior). Claro que, enquanto adultos, podemos sempre sacudir a água do capote e dizer “realmente os miúdos nestas idades são cruéis e estúpidos”. Só que miúdos são filhos de adultos, e são adultos que temos visto, cada vez mais, a usar sites de jornais e redes sociais para agredir o próximo, naquilo que parece um crescendo de ódio e intolerâncias várias – homofóbicas, racistas, ideológicas. Algumas apenas clubísticas, mas ódio. Ódio, ódio, ódio. Acho que nunca se odiou tanto neste país. Consultem o Instagram do @radar_de_acefalos – é uma montra assustadora. Nós nunca fomos merecedores do epíteto de “país de brandos costumes”. Isso é uma velha e bafienta falácia que significa apenas que fomos, pelo menos até chegar a Internet, um país de ódio visceral reprimido, prestes a rebentar por algum lado (e ocasionalmente a rebentar sob a forma de “tradições” como a violência doméstica). Bullying sempre houve (eu que o diga), e até concordo com o Chris Rock quando diz que agradece aos seus bullies uma certa carapaça que o preparou para as agruras da vida. É verdade. Mas caminhamos para uma cultura de ódio vivo que é normal que passe de pais para filhos – a chamada “educação”. Os miúdos são, de facto, uns imbecis – porque, muito provavelmente, adultos andam a treiná-los para isso. Alguns activamente; outros por negligência, preguiça ou desinteresse“.