Celebrar a literatura, os livros, os seus criadores, aqueles que leem as suas obras e a cultura em geral. Foi com esta premissa que a Câmara Municipal de Lisboa abriu as portas de vários espaços emblemáticos da cidade para a realização do Festival Literário Lisboa 5L. Debates, exposições, concertos, visionamento de filmes, lançamento de livros, mesas de autor e visitas pela cidade preencheram cinco dias intensos de programação, que tiveram como protagonistas alguns dos nomes maiores da literatura contemporânea portuguesa, como João Tordo, José Luís Peixoto e Afonso Cruz.
Numa mesa-redonda que decorreu no Teatro São Luiz, Pedro Mexia moderou uma conversa sobre as grandes bibliotecas privadas. “Não tenho a certeza de que as pessoa leiam menos. Leem menos livros, mas estão sempre a ler, e muitas delas a escrever também, embora não seja escrita literária. As pessoas vão sempre precisar de livros para estudar. O mais problemático é ver os livros de grande sucesso, como os romances, serem substituídos pelas séries de televisão. Agora, vai haver sempre umas centenas de pessoas que gostam de ler poesia, teatro ou ensaio literário”, frisou o crítico e cronista.
Antes de participar numa conversa que teve como tema “A Vida da Escrita”, João Tordo disse-nos como tem vivido estes tempos de pandemia. “O primeiro confinamento foi bastante produtivo, porque já estava a escrever um livro e tinha esse balanço. O segundo foi mais difícil e menos produtivo. Foi um confinamento que parecia não ter fim, no meio de um inverno difícil. A certa altura, senti-me desmotivado. Mas agora já voltei ao ativo e estou a trabalhar nas últimas revisões de um livro que sai em junho”, explicou, adiantando: “Não parece que estamos a regressar ao normal, porque há muitas regras e não há contacto com o público. Há um ano e meio que não faço viagens e antes passava metade do ano a viajar. Apesar de ter sido bom ter essa paragem, espero sinceramente que as coisas voltem ao normal.”