Foi uma conversa feita de silêncios e de uma comoção indisfarçável. Antes de responder, João Soares olhava para cima, rodava a aliança que continua no anelar da mão esquerda e, de voz embargada, tentava encontrar as palavras que ainda se perdem num emaranhado de emoções. Maria João Abreu morreu a 13 de maio, aos 57 anos, depois de lhe terem sido diagnosticados dois aneurismas. Portugal chorou a perda da atriz, da artista de sorriso fácil e de quem todos falavam bem. Já o músico perdeu a sua confidente, amante, fã número um, a pessoa com quem sonhava a vida e o futuro.
Apesar de a dor da perda ainda ser a sua companheira de todas as horas, João recusa-se a “andar cá por andar”. Numa nova forma de estar na vida, redescobre-se dia a dia, pegando na guitarra, voltando aos palcos com a sua banda, Namorados da Cidade, e abraçando aqueles que Maria João lhe deixou como herança de afetos, os filhos da mulher, Ricardo, de 28 anos, e Miguel, de 35, os netos, Matias, de cinco, e Noah, de quatro, e o ex-marido, José Raposo.
Num exercício de profunda generosidade, o músico, de 47 anos, regressou à praia de São João, onde se casou com a atriz em setembro de 2012, e partilhou como é viver sem a sua João, uma nova etapa deste caminho que, mesmo sendo tão sinuoso, ainda o pode levar a lugares felizes.
Uma entrevista para ler na edição n.º 1352 da revista CARAS.