Com a nova ascensão ao poder dos talibã em Cabul, capital do Afeganistão, diversas restrições estão previstas nas vidas das mulheres do país, tal como foi destacado no site Activa.pt. O grupo, que tem como objetivo instaurar um Emirado Islâmico, tomou o poder no passado domingo, 15 de agosto, após se ter revelado opressor nos anos 90, com uma política radical islâmica e extremamente controladora da vida das mulheres.
A situação alarmante fez com que a ativista Malala Yousafzai – que viveu a opressão dos talibã no Paquistão e foi vítima dessas mesmas restrições, acabando mesmo por levar um tiro por desobedecer à proibição de as mulheres estudarem – se pronunciasse nas redes sociais a pedir ajuda.
Recentemente, em entrevista à BBC, a jovem fez também um apelo às autoridades:
“Estamos a viver num mundo em que falamos sobre avanços, sobre igualdade, igualdade de género e não podemos ver um país retroceder décadas ou séculos. Temos que tomar medidas ousadas pela proteção das mulheres e meninas, pela proteção dos grupos minoritários e pela paz e estabilidade daquela região”. E acrescentou: “Estamos a ver imagens chocantes nos nossos ecrãs, as pessoas estão a fugir, à procura de uma forma de se manterem seguras. Quando assistimos a isto, percebemos que há uma crise humanitária urgente”.
A ativista, que luta desde a adolescência pelo direito das mulheres aos estudos, destaca ainda a importância do apoio dos governos internacionais à situação:
“Penso que todos os países têm um papel e uma responsabilidade, os países precisam de abrir as suas fronteiras para refugiados afegãos e para pessoas deslocadas. Enviei uma carta ao primeiro-ministro [do Paquistão] Imran Khan, a pedir que permitisse a entrada de refugiados, mas também para garantir que essas crianças tenham acesso à educação, à segurança e proteção para que os seus futuros não sejam perdidos. Eles podem ingressar em escolas locais e podem receber educação dentro dos campos de refugiados”.
Recorde-se que Malala Yousafzai recebeu o Prémio Nobel da Paz em 2014 graças à “sua luta contra a supressão das crianças e jovens e pelo direito de todos à educação”, justificou o comité. O galardão foi dividido com o ativista indiano Kailash Satyarthi.