Anna Westerlund deu uma entrevista a Manuel Luís Goucha, a primeira desde a morte de Pedro Lima, transmitida esta terça-feira, dia 14, no programa do apresentador, na TVI.
A viúva do ator revelou que os dois se conheceram numa noite de lua cheia, momentos que costumavam celebrar. Em entrevista, a ceramista revela que a depois da morte do ator, a vida “é um recomeçar, um nascer de novo”, é “aprendermo-nos a moldar novamente como pessoa. O barro é a saudade”, acrescentou.
Na mesma entrevista, revela ter tido “a sorte sorte de ter vivido um grande amor”, ao lado de Pedro Lima, com quem esteve durante 20 anos. “Há dias em que a dor é mais forte e dias em que o amor é mais forte. Soubemos sempre respeitar-nos um ao outro e quisemos ser melhores pessoas um pelo outro. Tínhamos a vontade de sermos apaixonados um pelo outro”.
“Acho que ninguém escolhe ficar deprimido, de alguma forma há pessoas mais geneticamente predispostas à doença”, acrescentou, explicando que pelas circunstâncias vividas naquela altura, “criou-se a tempestade perfeita”, salientando o papel que a pandemia trouxe no isolamento da população em geral.
“Apesar de o Pedro ser acompanhado por um psicólogo e um psiquiatra, [o facto de] tudo ser por telefone possa não ter ajudado” , diz, continuando. “O Pedro era um homem de ação. O isolamento a que todos estivemos sujeitos mexeu muito com ele. Entre outros episódios. criou-se a tempestade perfeita para que o Pedro, que tinha uma depressão já prolongada, entrasse numa depressão galopante, violenta e rápida”, revelou, explicando que acredita que o companheiro não tinha noção “da gravidade da depressão que tinha”.
“Ele era um homem feliz, mas com sombras. Com coisas complexas, inseguranças É importante percebermos este ponto em que a pessoa não escolhe estar deprimida” , salientou, reforçando a importância da compreensão que o suicídio é consequência de uma doença mental.
“Dizemos que a pessoa se suicidou. Eu digo que o Pedro morreu de suicídio, porque o suicídio é uma consequência de uma doença mental. Preocupamo-nos muito com a saúde física. Pego na comparação com o cancro: quando falamos de cancro percebemos que falamos de saúde física, quando falamos de depressão é mais complexo e socialmente não há uma prevenção como há para a saúde física”, continuou.
“Ele morreu de suicídio, uma vez que estava doente e uma consequência foi este ímpeto de se suicidar”, reforçou, explicando ainda que a incerteza trazida pela pandemia poderá ter tido um papel neste trágico desfecho. “A pandemia trouxe-nos a todos uma incerteza sobre o que seria [o futuro]” .
Questionada por Manuel Luís Goucha sobre se esperava este fim trágico, Anna Westerlund respondeu que não e explicou porquê. “Dias antes falámos disso [da hipótese de suicídio], se ele pensava nisso e ele respondeu-me olhos nos olhos que não e eu acreditei”, disse. “Mas o amor não salva tudo”, referiu, revelando que se encontra a fazer terapia, assim como os filhos, e que nunca se sentiu zangada com o companheiro pela atitude que tomou. “Amo-o de tal forma que não há espaço para zanga. há uma compreensão racional sobre o que aconteceu”.
Na mesma entrevista, a ceramista falou ainda do papel que a medicação para a depressão teve na vida do ator. “A depressão trata-se com medicação, mas não funciona com toda a gente. No caso do Pedro a medicação pirou o cenário”, referiu, não deixando de salientar a importância de que as pessoas com os mesmos problemas sejam acompanhadas e sigam os tratamentos que lhes forem indicados.
Recorde-se que Anna Westerlund e Pedro Lima têm quatro filhos em comum, Ema, Mia, Max, e Clara. O ator tem ainda um filho mais velho, João Francisco, fruto da relação anterior com Patrícia Piloto. Morreu na praia do Abano, a 20 de junho de 2020.