Anna Westerlund deu uma entrevista a Manuel Luís Goucha, onde falou pela primeira vez sobre a morte do companheiro, Pedro Lima. A conversa foi transmitida esta terça-feira, dia 14, no programa do apresentador, na TVI.
Durante a entrevista, o apresentador questionou a ceramista sobre a forma como os filhos têm lidado com a morte do pai. “Nós temos uns filhos heróis. São corajosos, são frutos de um pai espetacular. Quando dei a notícia a cada um deles individualmente a preocupação imediata deles foi comigo. E isso deu-me essa força, porque a preocupação deles foi: ‘Mãe, como é que vais viver sem o pai?’ Aquele momento deu-me uma força que não sei explicar, mas só pode vir deste amor que construímos em família”.
Anna Westerlund sublinhou ainda a importância de se falar sobre doença mental e sobre o suicídio, algo que a própria e o filho mais velho do ator, João Francisco, de 22 anos, se têm esforçado por fazer. “A morte do Pedro foi trágica, uma surpresa, não foi uma doença para a qual nos preparámos para nos despedirmos e a forma como aconteceu acho que ainda esta muito associada a tabus e vergonha, mas em casa nunca houve espaço para vergonha, houve espaço para tentar compreender”, disse, continuando.
“Houve espaço para orgulho no pai que tiveram. O Pedro está de tal maneira estruturado neles, com a relação maravilhosa que tiveram, que ninguém lhes tira isso. E é visível como isso lhes dá estrutura e segurança. Nada põe em causa o amor que o pai tinha por eles, os valores que lhes passou”, disse ainda, acrescentando: “O Pedro está presente diariamente desde que partiu. Não quero que eles sejam traumatizados com a morte dele. Todos vamos morrer, não sabemos como”, voltando depois a salientar a importância de se falar sobre as doenças mentais. “Há assuntos que, quando falamos neles, falamos baixinho. De suicídio, quando falamos nele, baixamos a voz, e isso faz com que não possamos andar para a frente. Não queremos falar baixinho, não queremos ter vergonha de falar deste tema”.
Na conversa com Manuel Luís Goucha, a ceramista contou que os dois tinham pensado casar-se quando o ator completasse 50 anos, o que aconteceria este ano. Por isso, antes da cerimónia fúnebre, escreveu os votos que iria ler no seu casamento e leu-os durante aquele momento de despedida. “Sinto que certamente estaremos juntos. O amor une as pessoas”, afirmou
Sobre a relação entre pai e filhos, a ceramista salientou a presença que Pedro Lima sempre teve na vida dos cinco filhos. “Era inspirador na forma como era presente na vida deles. Ele tinha tempo para os filhos, para conversar, para os levar à escola, para regar memórias”.
Manuel Luís Goucha, que era também amigo do ator, revelou que durante vários meses pensou sobre se poderia ter feito algo para evitar o trágico desfecho e questionou a viúva sobre se alguma vez sentiu o mesmo. “Há muito a ideia de que alguém o podia ter salvo”, começou por dizer a ceramista. “Uma amiga nossa, quando ele partiu e eu questionei [sobre se tinha falhado] disse-me: ‘Tu salvaste o Pedro durante 20 anos’, no sentido em que esses demónios estavam lá. Ele fez tudo certo, procurou ajuda. Era a hora dele“, afirmou.
No final da entrevista, Manuel Luís Goucha questionou a ceramista sobre o que espera para o futuro. “Tenho uma estrelinha. O futuro só pode ser feliz e cheio de amor. O amor não foi embora com o Pedro, se calhar até ficou mais forte”, concluiu Anna Westerlund.