Não queremos ter, e não temos, vergonha de falar deste tema”, frisa Anna Westerlund, que, um ano após a inesperada morte de Pedro Lima, abriu o seu coração para, numa entrevista muito emotiva, contar como a família se reorganizou após o trágico acontecimento que pôs fim ao sonho familiar que foram construindo ao longo dos 20 anos que estiveram juntos. “Não queria que o meu silêncio fosse confundido com vergonha, com o fazer parte desse tabu de quem fala baixinho. Sinto que esta conversa era a forma de homenagear o Pedro”, começou por explicar a ceramista ao entrevistador, Manuel Luís Goucha, a quem garantiu que teve a sorte de ter vivido um grande amor: “O amor que vivemos foi tão especial, tão grande, que continua aqui. É quase como se a ausência dele ainda fosse estranha, porque a presença dele é muito forte.”
Aos 43 anos, Anna deixou evidente que é uma mulher cheia de força, tentando encontrar o equilíbrio necessário para continuar a educar com uma generosa dose de amor os filhos, Emma, de 17 anos, Mia, de 14, Max, de 11, e Clara, de cinco, assim como a acompanhar João Francisco, de 23 anos, de uma relação anterior do ator. Todos eles têm conversado muito sobre as causas que conduziram à morte do ator, que sofria de medos e angústias que o deixaram muito vulnerável. “Ele era um homem feliz, mas com sombras. Com coisas complexas, inseguranças”, contou, acrescentando que o confinamento agravou a situação: “Entrou numa depressão galopante. Como um cancro que aparece e é avassalador.” A ceramista fez ainda questão de lembrar que a pessoa não escolhe estar deprimida e que, com a morte do marido, perdeu o seu futuro “e grande parte da minha identidade”.