Nas palavras de Sophia de Mello Breyner Andresen, o 25 de Abril foi “(…) a madrugada que eu esperava/O dia inicial inteiro e limpo/Onde emergimos da noite e do silêncio/ E livres habitamos a substância do tempo”. Querendo dar voz e rosto a esta liberdade que se entranhou na vida de quem já nasceu tendo esta “madrugada” como horizonte, Anabela Mota Ribeiro convidou 26 pessoas com idades, percursos profissionais e pessoais e ideais políticos distintos para conversarem consigo no programa da RTP3 Os Filhos da Madrugada, testemunhos agora reunidos no livro com o mesmo nome.
“Foi muito importante e enriquecedor para mim fazer este programa. Estes ‘filhos da madrugada’ deram o seu testemunho e para muitos foi a primeira vez que falaram das suas origens e que disseram: ‘A minha avó era analfabeta’ ou ‘o meu pai era pobre e esse é o percurso que fizemos’. As pessoas viam os programas e diziam-me: ‘Aquela também é a minha história.’ A partir destes discursos, houve um debate e uma interpelação, que é algo importantíssimo”, partilhou a jornalista e programadora cultural na apresentação da obra.
Anabela Mota Ribeiro reforçou ainda a importância de se continuar a proclamar os valores de Abril: “O espírito da liberdade, os valores humanistas têm de ser afirmados de uma forma cada vez mais audível e vigorosa.”