O Ballet Gulbenkian foi mais do que uma companhia de dança. Foi um palco para inúmeros talentos, uma plataforma de criatividade e de inovação num país que, em ditadura ou já fora dela, era muito cinzento, importando de fora o que se queria mostrar cá dentro. Jorge Salavisa, Olga Roriz, Vasco Wellenkamp e Paulo Ribeiro foram alguns dos que quebraram esse paradigma e deram uma identidade própria a um grupo extraordinário de bailarinos, fazendo da dança expressão de uma sociedade em mudança política, social e cultural.
Contando a história do Ballet Gulbenkian através dos seus protagonistas e mostrando a sua importância para a divulgação da dança no nosso país até ao ano da sua extinção, Marco Martins apresenta o documentário Um Corpo que Dança – Ballet Gulbenkian 1965-2005, cuja antestreia encheu o Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian. “Quase 17 anos volvidos sobre o fim do Ballet Gulbenkian, entendeu-se que tinha chegado a hora de ser dada a conhecer a história daquele que foi, talvez, o mais importante corpo de bailado do século XX em Portugal. O resultado, em meu entender, é um extraordinário documento, por vezes tocante, sobre o Ballet Gulbenkian, os seus bailarinos e coreógrafos, sobre a história da dança em Portugal, mas é também uma viagem pela evolução política e cultural do nosso país”, avaliou Isabel Mota, presidente do conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian, no discurso que proferiu momentos antes da exibição do filme.
Também o realizador Marco Martins subiu ao palco para partilhar algumas palavras sobre este documentário: “Sabia como era particularmente ambicioso fazer um filme sobre os 40 anos desta companhia, que mudou a forma de pensar em Portugal. Uma companhia envolta em paixões, com momentos de convulsão e de amor. (…) Este filme é uma homenagem a todos os que fizeram a história do Ballet Gulbenkian.”
Fotos: Paulo Jorge Figueiredo