Mónica Garnel, de 47 anos, era adolescente quando perdeu a bisavó Amélia Rey Colaço. Desta mulher, que todos tratavam por “Senhora Dona Amélia”, uma deferência que lhe sublinhava a importância, a atriz recorda os afetos, os domingos passados numa casa que se fazia palco para as brincadeiras dos bisnetos, o rosto maduro do qual a alegria e entusiasmo não se apagaram com os anos e uma paixão pelo teatro que a fez sonhar até ao fim.
A assinalar-se o centenário da Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, fundada pelos seus bisavós [Robles Monteiro também era ator], Mónica Garnel foi desafiada a criar um espetáculo que revisitasse as memórias de uma companhia que marcou de forma indelével o teatro português do século XX e foi espelho de um país em transformação. Mergulhando nos arquivos e na sua história familiar, a atriz e Inês Vaz criaram a leitura encenada Malheureusement Amélie Est Née – Uma Carta de Amor, que teve lugar no Teatro Nacional D. Maria II, projeto que Mónica gostava de levar a mais pessoas, dando testemunho de uma mulher e atriz maior, que, sendo um nome do passado, continua a ser uma inspiração para o futuro.
Uma entrevista para ler na edição n.º 1391 da revista CARAS.