O julgamento que opõe Johnny Depp contra Amber Heard continua a dar que falar. Louise Mahler, especialista australiana em linguagem corporal e comunicação analisou os momentos em que ambos os atores testemunharam e salientou os aspetos mais relevantes que encontrou em cada depoimento.
Na sua análise, Mahler começa por destacar que tanto Depp como Heard trabalham como atores e, por isso, têm uma maior experência no controlo do seu comportamento e na forma como o podem moldar. A especialista refere ainda que ambos os depoimentos foram ponderados previamente, com Depp e Heard a saberem bem que mensagem pretendiam transmitir.
E cada fez o seu testemunho de forma diferente.
Sobre Amber Heard, Louise Mahler começa por mencionar a forma como a atriz falou durante o seu testemunho. A especialista destaca o facto de a atriz falar com muitos pormenores de aspetos pouco relevantes e diz: “As pessoas normalmente são vagas ao falarem de coisas que são pouco importantes“, afirma, afirmando que se nota grande tensão na zona do maxilar. Além disso, diz que a atriz usou “palavras erradas e pouco concretas” para descrever os momentos mais relevantes. “Não estou a dizer que não está a dizer a verdade, mas não credível na forma como o fez”.
Além disso, Mahler diz que “quando ela mencionada momentos mais emotivos parece tudo muito fabricado”. Para justificar esta percepção, a especialista aponta a respiração: “Parece estar a hiperventilar de forma consicente. Não parece estar a vir de um pensamento doloroso, mas sim de um treinamento do corpo, que está a tentar criar a postura emotiva”. O momento em que Amber Heard aproxima um lenço do nariz também é referido: “Normalmente as pessoas assoam-se quando o fazer, mas ela apenas aproxima e inspira, o que é incomum”.
Mahler diz que não viu lágrimas no rosto da atriz, mas que sentiu um esforço desta para as fazer surgir: “Quando as pessoas respiram rápido e profundamente e fazem tensão na garganta, elas podem acabar por aparecer. É uma das técnicas para transmitir emoções. É uma estratégia calculada para criar lágrimas, mas ela não a conseguiu concretizar“.
“Não estou a dizer que não ela não está a contar a verdade, mas não é credível. Parece que há um exagero”, conclui sobre a análise á atriz.
Sobre a postura de Johnny Depp em tribunal, Mahler diz: “Ele é um ator e tem a sua personagem bem definida. É uma personagem que parece estar sempre a dizer ‘nem consigo acreditar nisto’. O que significa que tem uma estratégia de fechar os olhos, respirar e falar lentamente, dirigir o olhar para baixo e fazer um ar de incrédulo. Por isso mesmo, no seu testemunho, falou pausamente, transmitiu uma ideia de incredibilidade sobre o que estava a relatar, algum humor, e foca-se no que era essencial, o que o torna credível. É que a consistência constrói credibilidade. É uma das chavez para se obter confiançar”.
A especialista destaca a importância da postura “consistente” do ator: “Faz com que quem o está o ouvir sinta que este homem é coerente, logo não mostra violência e parece ter um comportamento delicado”, diz, remantando que é “uma performance credível que parece transmitir verdade. Ele parece estar a contar a sua verdade”.
Mahler diz que Depp está a ter uma postura que será mais fácil de manter com o decorrer do julgamento, enquanto a emotividade de Heard “é mais difícil de fazer perdurar”.
Apesar desta análise, Louise Mahler destava que tal não significa que esteja a dar razão a um em detrimento do outro, e que há uma análise mais profunda a ser feita para se chegar a uma decisão neste caso.
Recorde-se que Johnny Depp processou a ex-mulher por difamação depois de esta publicar um artigo no The Washington Post, em 2018, no qual confessava ter sido vítima de violência doméstica, apesar de nunca ter mencionado, ao longo do texto, o nome de Johnny Depp.