João Paulo Sousa, de 33 anos, está longe de ser o adolescente que se estreou nos Morangos com Açúcar ou que apresentou o Disney Kids, mas continua a manter a mesma energia, o mesmo otimismo e a mesma forma de encarar tudo na vida: com amor. Por isso, quando o convidaram para o programa All You Need Is Love, que será novamente apresentado por Fátima Lopes, 28 anos depois, nem pensou duas vezes.
A seu lado, desde o início da carreira, tem estado a sua principal impulsionadora, a mulher, Adriana Gomes, a quem deve parte do seu sucesso, já que foi ela que o inscreveu no primeiro casting em que participou e que ditou o início da sua carreira, há 15 anos.
– Está numa fase profissional muito boa.
João Paulo Sousa – Pois estou. Tirando o intervalo da pandemia, já me sinto assim há algum tempo, o que é um bom sinal, pois também me continuo a entusiasmar com coisas novas.
– Não deve ser fácil gerir tudo: rádio, televisão ao fim de semana, espetáculos com os Insert Coin e agora o All You Need Is Love.
– Acho que me tornei especialista em duas coisas: gerir tempo e energia. Somos todos um bocadinho assim, mas uns têm de tornar isso mais especialidade do que outros. Tem sido muito trabalhoso, mas a pandemia também me fez perceber que há coisas realmente importantes e que devemos aproveitar. Este boom de trabalho não me impede de viver e permite-me ter uma vida muito mais fixe. Faço coisas que adoro. Tenho oportunidade todos os dias de entrevistar pessoas e ainda me pagam para isso. [Risos.] É muito interessante. Viemos de uma pandemia, agora estamos numa guerra, e eu vou fazer um programa cujo objetivo é promover o amor. O tempo que vivemos lembra-nos mais do que nunca que o ódio só se apaga com amor.
– É criterioso na escolha dos trabalhos?
– Muito, caso contrário não teria mesmo tempo nenhum. Tento também perceber sempre quais são os projetos que vão trazer um futuro melhor para a minha carreira. Nem tudo na vida se percebe logo, há coisas que demoram o seu tempo.
– Nesta fase profissional, o que é o que faz mais feliz?
– A rádio e a televisão, seja como apresentador ou ator, fazem-me feliz, assim como os espetáculos que faço. O que me faz feliz é poder fazer coisas diferentes, aprender. Na verdade, tudo o que faço serve para o mesmo: tornar-me melhor pessoa, fazer os outros sentirem-se melhor.
– Como vai ser trabalhar ao lado da Fátima Lopes?
– Pelos vistos, vai ser muito bom, não só pelo carinho que as pessoas lhe têm, mas pelo que tenho a aprender com ela. Durante a pandemia, convidei a Fátima para fazer uma emissão comigo. Não a conhecia e demo-nos logo bem. Percebi que nos respeitamos, admiramo-nos um ao outro, e isso é superinteressante.
– Tem tempo para a sua mulher, a Adriana?
– Sempre, mais uma vez é tudo uma questão de gestão de tempo. Ontem atuei em Aveiro e ela foi comigo. Tenho a sorte de ter uma mulher muito disponível para aceitar a parte mais excêntrica da minha vida e sabermos gerir isso. Já passaram 17 anos, acho que não está assim tão mal. [Risos.]
– Há um segredo?
– O segredo é aceitar que uma relação dá trabalho, exige paciência, fazer cedências. Não é aquilo de que se fala nas séries e nos livros mais cor-de-rosa, mas tem tudo isso também e é muito melhor. As partes chatas são só coisas inevitáveis que vão acontecendo. Às vezes, perguntam-me se ainda me sinto apaixonado como no primeiro dia… Ainda bem que não! Não quero ter aquelas borboletas na barriga e a ansiedade de uma mensagem que não é respondida no mesmo segundo. Não quero isso… Gosto muito de estabilidade. Já que tudo o resto na vida profissional tem oscilações, é bom que alguma coisa seja estável, como as nossas amizades, a nossa família.
– Quando toma decisões profissionais, a opinião da Adriana conta?
– Claro que sim! Não há decisões solitárias ou unilaterais, seria impensável. Não quer dizer que se concorde com todas as decisões, mas são as tais cedências. Se calhar, não vou ter muito tempo para a minha mulher nos próximos meses, vamos ter de ser melhores a gerir o nosso tempo. Ela já viveu fora do país e aguentámo-nos. [Risos.] O trabalho é muito importante para mim, mas, se o meu lado pessoal estiver beliscado, vou ser menos bom trabalhador. Por isso é muito importante que também haja investimento nesse nosso lado.
– Quando começou a sua carreira, era este o percurso que tinha em mente?
– Não, não fazia ideia de qual seria. [Risos.] Nem sequer sonhava fazer isto. Há 15 anos, fui descobrir o que era um casting por causa da minha mulher. Houve alturas em que ambicionei coisas diferentes. Lembro-me de desejar muito apresentar o Curto Circuito e consegui. Estou muito orgulhoso de todos os programas que fiz.
– Esse lado otimista com que encara a vida sempre existiu?
– Dá muito trabalho ser assim, acho que é mais fácil ser derrotista do que otimista. Sempre fui muito otimista. Se calhar, foi uma defesa dos muitos anos em que não sabia que caminho trilhar. Ser otimista dá-me sempre uma luz ao fundo do túnel, e isso é muito mais interessante. Numa carreira de oscilações como a minha, em que tanto se pode estar no alto como em baixo, temos de arranjar uma forma de estar mais ou menos nivelados interiormente, para não ficarmos desamparados quando estamos na mó de baixo. Este meu lado otimista é também um trabalho interior que tenho feito ao longo dos anos e que se aprofundou com a pandemia, em que tive tempo para me informar mais. Fazer muita coisa ao mesmo tempo surge como um desafio que me agrada.
– Não tem receio de poder falhar em alguma delas?
– Não. [Risos.] Essa é que é a minha luta. Não estou a competir com ninguém a não ser comigo mesmo. Sempre fiz muitas coisas ao mesmo tempo e gosto de viver assim. Na escola, houve uma fase em que fazia seis desportos federados ao mesmo tempo. Fazer muita coisa faz parte do meu ADN.
Esta entrevista faz parte da edição n.º1403 da revista CARAS.
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