Há vários anos que Sarah Ferguson é uma escritora de sucesso, tendo assinado vários títulos infanto-juvenis e de memórias. Contudo, só agora se aventurou no romance histórico, com Onde Me Leva o Coração, um livro inspirado na vida da sua antepassada Lady Margaret, uma mulher que, em meados do século XIX, rompeu convenções e tradições para encontrar a liberdade e o amor. “Tudo começou porque quis perceber porque é que sou uma mulher ruiva tão forte. Fui pesquisar sobre os meus antepassados e encontrei a Lady Margaret. A protagonista é alguém forte, resiliente, que continua sempre a lutar. Toda esta experiência está a ser muito entusiasmante, porque estou aqui como Sarah, a autora”, contou a ex-mulher do príncipe André à CARAS momentos antes de começar a autografar exemplares do seu romance na 92.ª Feira do Livro de Lisboa.
A duquesa de York, agora com 62 anos, protagonizou alguns dos episódios mais mediáticos que envolveram a família real britânica nos anos 90, nomeadamente quando se separou do príncipe André, com quem tem duas filhas, as princesas Beatrice, de 34 anos, e Eugenie, de 32. Mesmo enfrentando escândalos e mudanças na sua vida pessoal e na relação com a família real, sempre se manteve fiel a si mesma, seguindo as suas convicções, como confessou neste regresso a Portugal: “Todos os dias nos confrontamos com o dever, o trabalho, convenções sociais e tradições. Muitas vezes esquecemo-nos do coração e optamos por cumprir o dever. Não deveríamos fazer mais vezes o oposto? Sempre segui o meu coração, o que trouxe alguns problemas [risos]. Sou sempre muito sincera. Porque é que não podemos ser nós mesmos? Porque é que temos de mudar e andar ao sabor dos desejos dos outros? Qual é o nosso desejo, a nossa vontade? Esta escolha não é egoísta, porque, se seguirmos o coração, damo-nos de uma forma genuína e autêntica aos outros.”
É nesta doação aos outros, no dar voz a quem muitas vezes não a tem, que reside o seu trabalho como duquesa de York, como também nos explicou: “O mais importante é manter a integridade dos modos, dos valores, da tradição. Podemos ser modernos e manter muitos aspetos da tradição. O fundamental é sermos bons. Ser uma duquesa dos tempos modernos é saber que nada é sobre nós, é tudo sobre os outros.”
É nesta lógica que tem desenvolvido o seu trabalho social, nomeadamente com o Sarah’s Trust, através do qual apoia várias crianças, uma ação generosa que teve também em Portugal ao fazer uma doação para o Instituto de Apoio à Criança. “Estou muito contente por ser tão bem-recebida aqui. O Sarah’s Trust vai ajudar as crianças de Portugal. Não espero que comprem o meu livro se não ajudar o vosso país. Sempre pensei que temos de dar, não tirar”, disse a autora.
Os seus netos, Sienna, de quase um ano, e August, de ano e meio, também tiveram destaque. “Foi precisamente por ser avó que hoje apanhei um voo muito cedo para aqui estar. Os meus netos estavam em casa, mas sei que eles esperam que continue o espetáculo, como diz a música. Sabem que isso tem de acontecer para que algumas crianças tenham uma vida melhor. Os meus netos vão crescer e ver que a avó é uma lutadora.”
Fotos: Luís Coelho