Em novembro de 1947 – cinco anos depois da sua estreia como ator amador no Grupo da Mocidade Portuguesa, com a peça O Jogo para o Natal de Cristo, com encenação de Ribeirinho –, Ruy de Carvalho, hoje com 95 anos, deu os primeiros passos como ator profissional, no Teatro Nacional D. Maria II, na peça Rapazes de Hoje. E foi neste mesmo palco que no passado dia 25 foram comemorados os seus 80 anos de carreira, no espetáculo A Ratoeira. “Foi aqui que o Ruy se estreou, algum tempo depois de o ter feito com o mestre Ribeirinho, e nós, TNDM, não podíamos deixar passar esta data em branco. Poder celebrar o Ruy nesta casa, que é a sua casa, faz todo o sentido, porque ele está connosco. O Ruy entrega-se a tudo de corpo e alma e nós somos uns privilegiados por sermos seus contemporâneos. Todos os dias o Ruy prova a sua vitalidade, que é até comovente e nos faz pensar que não nos devemos esquecer dos atores mais velhos, pois é com eles que se faz a história do teatro português. Na verdade, Ruy de Carvalho é um sinónimo de teatro português”, disse Pedro Penim, diretor artístico do teatro.
“A honra que sinto em estar aqui é enorme e só posso agradecer a todos, aos que me apoiam e aplaudem.” (Ruy de Carvalho)
Também o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, fez questão de destacar a importância que o ator tem para o teatro português: “Olhando para esta sala, para a carreira do Ruy e para o aplauso contínuo que tem recebido, percebe-se que o sentimento por ele é transversal a todos. Ele representa muito para o país e para todos nós. Parece que todos o conhecemos, que ele é um de nós. Que sorte temos todos por ainda o podermos ver em palco e aplaudir. Só podemos agradecer.”
Depois de duas horas de espetáculo e uma ovação de pé que durou vários minutos, Ruy de Carvalho estava muito emocionado, não conseguindo conter as lágrimas: “A honra que sinto em estar aqui é enorme e só posso agradecer a todos, aos que me apoiam, aplaudem, mas também a mim, por ter tido o privilégio de trabalhar para todos vós.”
A homenagem começou, ainda durante a tarde, com uma visita guiada à exposição de fotografias do ator ao longo da sua carreira. Uma delas, tirada na peça Rei Lear, de Shakespeare, em 1998, foi-lhe oferecida no final.