A sala reservada na Fundação Calouste Gulbenkian para a apresentação do livro Francisco – O Caminho foi pequena para acolher os amigos e admiradores de Maria João Avillez que quiseram estar presentes e aplaudir o seu mais recente trabalho. Afinal, entrevistar o Papa Francisco é, como lembrou Alberta Marques Fernandes, “o cume da montanha em termos jornalísticos e uma bênção do tamanho do mundo em termos católicos”. “Fiquei muito feliz por a Maria João ter sido escolhida pelo Papa para dar esta entrevista. É uma jornalista que admiro muitíssimo, uma decana de quem gosto muito”, disse ainda Alberta no final da apresentação da obra, que ficou a cargo de dois jovens: o escritor Afonso Reis Cabral e o analista político Sebastião Bugalho. Editado pela Temas e Debates, o livro resulta de uma entrevista “extraordinária” que o Papa concedeu à conceituada jornalista a propósito da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, agendada para agosto do próximo ano e que contará com a presença do líder da Igreja Católica.
Ao longo de 120 páginas, Maria João Avillez, que conta com 60 anos de experiência enquanto jornalista, partilha os vários momentos deste encontro, pelo qual aguardou perto de dois anos e que foi primeiramente transmitido em televisão. “Por mais que eu tivesse mil vezes antecipado como era o Papa Francisco, como se desenrolaria esta conversa, em que a única coisa que eu sabia era que a minha responsabilidade tinha sempre que ser maior do que a minha emoção, fiquei a anos-luz da realidade. A realidade foi, antes de mais, a descoberta de uma proximidade invulgaríssima, servida por um sorriso aberto, a simplicidade, o afeto, uma genuína curiosidade por cada um de nós, uma surpreendente ausência de pressa e o humor, claro”, descreveu Maria João, que, depois de ter autografado vários exemplares da obra e de ter dado atenção a todos e a cada um dos presentes, teve ainda fôlego para responder a algumas perguntas da CARAS.
“Entrevistar o Papa é o cume da montanha em termos jornalísticos e uma bênção do tamanho do mundo em termos católicos.” (Alberta Marques Fernandes)
– A ideia que tinha do Papa Francisco correspondeu ao homem que conheceu durante esta entrevista?
– Não, de maneira nenhuma. Foi uma surpresa total, quer na forma, quer na substância. Na forma, encontrei uma pessoa extremamente aberta, que nos proporcionou um ambiente amigável, próximo, simpático, com atenção a todos nós. Ficámos rendidos à forma tão aberta e humana e, ao mesmo tempo, simples como ele nos acolheu, a mim e à equipa de televisão que me acompanhou. Por outro lado, fiquei muito confortável por ter encontrado uma pessoa tão forte, com um percurso religioso tão sólido, um pastor que sabe conduzir as suas ovelhas e a sua Igreja e que através da entrevista nos deu muitas pistas e nos deu muitas respostas para as dúvidas que temos. Acho que encontrei uma pessoa e um Papa admirável.
– Já entrevistou personalidades do mundo inteiro…
– Mas esta foi “a” entrevista!
– E agora o que é que se segue?
– Agora logo se vê. O futuro a Deus pertence.
Fotos: Luís Coelho