Cores exuberantes e padrões chamativos. Muito rosa, mas também encarnado, amarelo e azul-turquesa. Corações, riscas, estrelas, bolas, margaridas. Dito assim, em três frases curtas, talvez não seja fácil de identificar. Os fãs de pedra e cal, que estão com a marca há mais de 40 anos, já lá chegaram, certamente. Falamos de Agatha Ruiz de la Prada, a estilista espanhola que revolucionou o setor da moda com a sua aposta na cor, mas também no conforto. E se nos recordarmos dos anos 80, dizer que a roupa devia ser confortável era, de facto, qualquer coisa de revolucionário.
No início deste mês a estilista fez uma visita-relâmpago a Portugal para inaugurar uma loja pop-up na antiga loja da marca, no número 66 da Rua da Conceição, no Porto. Esta foi a segunda experiência da marca com este conceito. A primeira foi em Paris, onde Agatha Ruiz de la Prada também teve uma loja durante muitos anos. Sobre este novo modelo, a estilista diz que o objetivo é “ver se funciona”, mas, acima de tudo, que foi impelida pelas saudades: “É verdade que nos damos conta de que é um esforço sobre-humano para estar [em funcionamento] poucos dias. Mas o meu objetivo era ver o meu público do Porto, as pessoas que compram as minhas peças há vários anos, os amigos, os fãs.”
Entre as várias peças que estiveram disponíveis durante quatro dias, importa destacar a coleção-cápsula realizada em colaboração com a PYRATEX, uma marca têxtil inovadora que produz tecidos através de fibras naturais de algas, madeira, bambu e milho. A coleção é maioritariamente unissexo e reforça o compromisso da marca com a sustentabilidade. Sobre esta parceria, Agatha Ruiz de la Prada diz estar obcecada com o meio ambiente: “Parece-me emocionante a ideia de que a moda se possa incorporar na ecologia. Esta tem sido uma das prioridades da minha vida.” A estilista reflete ainda sobre os desafios desse exercício: “Todas as pessoas elegantes e importantes no setor da moda querem ser ecológicas, mas muito pouca gente sabe como sê-lo. Claro que o mais caro, o realmente caro, costuma ser mais ecológico, mas conseguimos que a moda se tornasse democrática e não se pode perder essa democratização. Portanto, neste momento ainda há uma grande confusão.”
De resto, a reflexão tem sido um exercício frequente na vida de Agatha Ruiz de la Prada, que acaba de lançar o livro de memórias Mi História, editado pela Esfera de los Libros e que ainda não tem edição portuguesa. Sobre o livro, Agatha diz ser um relato mais pessoal sobre a sua vida. “Falo da importância que o meu trabalho teve na minha vida. Ajudou-me muito. Salvou-me de depressões e de tantas coisas. Mas não é tanto um livro sobre a minha vida profissional. E creio que deveria pensar em escrever um novo livro só dedicado a isso”, conclui.
Fotos: D.R.