Numa entrevista que concedeu à revista americana Vanity Fair (e que foi capa da edição deste mês) a propósito da estreia do seu filme Tár, que já lhe valeu um Golden Globe Award, um Critics’ Choice Award e nomeações para todos os grandes prémios da temporada, entre eles o Óscar de Melhor Atriz, Cate Blanchett disse ao jornalista David Canfield que este foi “o projeto mais obsessivo e gratificante” que já fez, que exigiu imenso de si “emocional e fisicamente”, pois não só teve que aprender alemão, a dirigir uma orquestra e a voltar a ter lições de piano (em pequena aprendera este instrumento), mas, sobretudo, porque enfrentou uma personagem desafiadora, criada de propósito para si pelo argumentista, realizador e produtor Todd Field. Uma figura de ficção que adquire, graças ao seu desempenho, contornos reais, uma ambiciosa maestrina da Filarmónica de Berlim, Lydia Tár, que lida com o poder de forma abusiva e que, devido a isso, enfrenta uma dolorosa queda em desgraça.
O desafio foi tão grande que Blanchett, descrita por vários dos realizadores que a têm dirigido como uma mulher hipnotizante, pensa cada vez mais em se reformar. A atriz australiana, de 53 anos, já tinha dito no programa de televisão australiano The Sunday Project que nunca mais queria atuar depois de Tár e que há muitas outras coisas que gostaria de fazer na vida, mas a Canfield foi mais longe e explicou: “Os pensamentos sobre a reforma não são ocasionais, são recorrentes, com frequência diária ou semanal.” No entanto, logo após Tár aceitou outros papéis. O que talvez se justifique com a sua afirmação de que representar “é como um caso de amor, não é? A pessoa apaixona-se e perde a paixão, tendo que ser seduzida de novo”.
“É como um caso de amor, não é? A pessoa apaixona-se e perde a paixão, tendo que ser seduzida de novo.”
Para bem dos admiradores desta atriz de excelência, que foi nomeada para oito Óscares, venceu dois – Atriz Secundária, em 2005, por O Aviador, e Melhor Atriz, em 2014, por Blue Jasmine –, e tem na filmografia títulos como Elizabeth, Diário de Um Escândalo, O Curioso Caso de Benjamin Button, Onde Estás, Bernadette? ou a saga de O Senhor dos Anéis, esperemos que se reapaixone vezes sem conta.
Uma coisa é certa, numa carreira cinematográfica que começou em 1994, Cate já ultrapassou há muito a meta que lhe vaticinou o seu marido, o dramaturgo, argumentista e realizador australiano Andrew Upton, com quem está casada há 25 anos e de quem tem quatro filhos, Dashiel, de 21 anos, Roman, de 18, Ignacios, de 14, e Edith, de 18: que aproveitasse bem, pois, no máximo, teria cinco anos bons.