Cuca Roseta, de 41 anos, sempre se manifestou uma mulher livre e despreocupada com o que os outros possam dizer desde que se sinta bem na sua pele. Uma atitude que se consolidou depois de ter sido mãe pela segunda vez, de Benedita, de sete anos, fruto do seu casamento com João Lapa. “Depois do nascimento da Benedita, e com o marido espetacular que tenho e a segurança que vivo em casa, passei a ser mais eu. O amor e a família sempre foram as grandes prioridades na minha vida e acho que quando me casei com o João ganhei um chão, uma segurança que nunca tinha conhecido até então. Quando temos um lar seguro e feliz, tudo o resto flui. E se nessa altura senti vontade de ser eu própria sem amarras, agora, curiosamente, e talvez por causa da idade, sinto-me mais recatada, mais parecida com a minha mãe [risos]. Sou uma mulher livre, selvagem, que ama a Natureza, despreocupada. Mas se até há pouco tempo me apetecia arrojar e assumir o quanto me sinto bem com o meu corpo, agora apetece-me estar mais composta. Se houve uma altura em que me apetecia explorar mais o meu lado sensual, agora apetece-me explorar mais o meu lado misterioso”, contou-nos a fadista na apresentação da coleção Utopia by Cata Vassalo, marca portuguesa de acessórios como toucados de noiva, joias, bandoletes, clutches e outras peças para o quotidiano.
“Houve uma altura em que me apetecia explorar o meu lado sensual, agora apetece-me explorar o misterioso.”
Cada vez mais consciente de quem é, do que faz e de que caminho quer para si, Cuca assume: “Para se ser artista e cantar a vida como nós fazemos é preciso ter uma liberdade maior, uma perseverança em tudo o que se faz. A nossa voz funciona como as nossas asas e não podemos sentir-nos presos. E é no palco que podemos fazer isso. É incrível e muito libertador.”
A artista acredita que a entrada na década dos 40 tem sido fundamental na sua assertividade: “Sempre quis ter 40 anos e sinto-me no auge do meu poder feminino. Se dos 30 aos 40 tive as tais asas e liberdade que referi, agora estou a entrar num momento de enraizamento e estou a adorar. Acho que é a fase que me está a dar mais gozo de todas. Sinto-me mesmo muito segura e confiante.”
A carreira de Cuca também está numa fase “maravilhosa e de muito trabalho. Este ano vou lançar três projetos. Tive convites de três países. Acabou de sair o meu disco espanhol, estou a gravar um projeto no Brasil e, em França, o agente da Amália Rodrigues, que não trabalhou com mais ninguém desde que ela morreu, quer lançar-me. E ainda vou lançar alguns singles. A minha internacionalização está a acontecer e sinto-me muito feliz”.
“Para se ser artista e cantar a vida é preciso ter uma liberdade maior. É no palco que podemos fazer isso.”
O maior desafio prende-se com a adolescência do filho, Lopo, de 15 anos: “Ele já está numa altura em que se quer desprender um pouco mais de mim e confesso que me custa. Vivemos durante muito tempo só os dois e percebo que ele agora também precise do seu espaço, da sua liberdade, e eu deixo que ele a procure. Custa-me, mas faz parte do processo de adolescência. O que tinha para lhe ensinar já o fiz, agora só depende dele, dos seus desafios, das suas escolhas e da forma como abraça o mundo. É só rezar para que tudo corra bem, porque a partir daqui há um caminho que é só dele.”