No mês em que se completam três anos desde a morte de Pedro Lima, o seu filho mais velho, João Francisco Lima, de 24 anos, fruto do casamento do ator com Patrícia Piloto, lançou o livro Já Não Sou o que Era Agora Mesmo – Divagações de uma Alma Inquieta, reflexo da forma como enfrentou aquela perda avassaladora. Foi na escrita que o gestor encontrou uma “forma de catarse” e de “expiação” do que lhe vai na alma. “No início, acabava de escrever lavado em lágrimas”, revelou durante o lançamento da obra, que aconteceu na livraria Ler Devagar, em Lisboa.
Apesar de gostar de se exprimir através da escrita deste pequeno e de frequentemente deixar poemas e notas aos pais, como contou a mãe do jovem gestor, a ideia de escrever um livro surgiu por acaso. “Fui escrevendo poesia como terapia, uma forma de organizar o que estava a sentir, dando-lhe um toque artístico. A partir desse momento, tendo já os poemas e toda a carga emocional que tinham, decidi que seria interessante refletir sobre eles e deixar por extenso exatamente o que se estava a passar, eternizando essas revelações para que as pudessem ler e, eventualmente, identificar-se com elas”, explicou. Mais do que falar sobre ele, João Francisco quer ajudar quem também passa por períodos tão delicados. “Sempre tive o objetivo de atingir o bem comum, ou seja, o maior ponto de bem-estar e saúde possíveis, que passa por nos conhecermos a nós próprios e sabermos quando precisamos de ajuda ou de fazer mudanças na nossa vida. Não sendo um profissional de saúde, a única forma que tenho é partilhar a minha experiência, fazer as pessoas perceberem que existem realidades semelhantes às delas”, adiantou.
Os 50 anos que Pedro Lima teria feito em 2021 foram o começo de tudo. “O primeiro poema é dedicado ao meu pai. Foi também este poema que restaurou a minha prática da escrita e depois vieram os outros. Cada vez que os releio é como se fizesse uma viagem no tempo, como se os sentimentos tivessem ficado retidos no papel. Foi muito duro, foi muito exigente emocionalmente, mas superpositivo”, confessou. Com a saudade também aprendeu a viver de forma construtiva. “Lido com a saudade com um sorriso. Não sei se é o que o meu pai quereria, talvez, mas não tenho a mínima dúvida de que ele sente orgulho, sempre sentiu”, referiu.
A trabalhar em Dublin, na Irlanda, depois de um mestrado feito na Holanda, o jovem contou com a presença da família nesta nova etapa, assim como de muitos amigos. Faltaram apenas os três irmãos mais novos (Mia, Max e Clara), filhos de Anna Westerlund, viúva do ator, que compareceu com a filha mais velha, Emma, de 19 anos. A família continua tão unida como antes e João Francisco é um irmão presente, mesmo à distância. “Mantenho-me presente e interessado, tento dar-lhes, de certa forma, uma mentoria de quem está próximo da idade deles sem ter a responsabilidade parental. Fiz questão de construir com eles uma relação que lhes desse confiança e à-vontade para se servirem de mim como um conselheiro e é isso que acontece. Posso dizer, com orgulho, que eles se sentem confortáveis a falar comigo.”