Nos últimos dias, o mundo parou perante a incerteza do que poderia ter acontecido ao Titan, o submersível que fazia viagens recreativas aos destroços do Titanic, e aos seus quatro ocupantes – o piloto e diretor-executivo da OceanGate, Stockton Rush, e os passageiros Shahzada Dawood, Suleman Dawood, Hamish Harding e Paul-Henri Nargeolet. Meios de cinco países foram mobilizados para ajudar nas buscas e possível salvamento e a comunicação social do mundo inteiro fez uma cobertura completa sobre o tema. Até se ter a certeza do que aconteceu, foram poucas as pessoas conhecidas que se pronunciaram sobre o sucedido. Contudo, o contundente comentário de Rania da Jordânia sobre a tragédia do Titan não passou despercebido e é um espelho do que foi esta semana. “Duas situações trágicas, duas respostas globais completamente diferentes. Todas as vidas humanas merecem ser salvas”, escreveu a rainha da Jordânia, numa legenda de uma imagem que partilhou, sem esconder o desprezo que sente pela hipocrisia velada que caracteriza a diferença de respostas perante a perda da vida de cinco milionários e a perda da vida de centenas de migrantes no mar Mediterrâneo, todos os dias.
James Cameron, realizador do filme “Titanic”, é outra voz discordante que se levanta, mas contra a falta de segurança que o submersível oferecia. O cineasta, que já foi 33 vezes às profundezas do oceano para ver de perto os destroços do Titanic, garante que sempre achou a engenharia do casco arriscada. “Pensei que era uma ideia horrível. Quem me dera ter falado, mas assumi que alguém era mais esperto do que eu, porque nunca tinha experimentado aquela tecnologia, mas soou-me logo mal”, explicou, admitindo que soube de imediato que esta viagem tinha tido o pior fim: “Tivemos a confirmação em cerca de uma hora [após o início da expedição] de que uma explosão barulhenta tinha ocorrido na mesma altura que se perdeu o contacto [com o submersível]. Uma grande explosão no hidrofone. A perda do transponder. A perda de comunicações. Sabia o que tinha acontecido. O submersível tinha implodido”.
O realizador não deixa de fazer um paralelismo entre o Titanic e o Titan. “Aqui estamos outra vez. No mesmo lugar. Agora há um destroço ao lado de outro pela mesma razão”, sublinhou.