“Hoje estou uma chorona.” As palavras de Fátima Lopes no início da apresentação do seu décimo livro, Simply Flow – Atreve-te a Abrandar, no Auditório Sul da Feira do Livro de Lisboa, antecipavam uma tarde de grandes emoções. E assim foi, pois, ainda antes do momento dos discursos, surpreendeu quem ali estava ao posar para os fotógrafos ao lado do namorado, o gestor Jorge Cristino, com quem mantém uma relação discreta há mais de dois anos. “Há muito tempo que não tinha tantos amigos presentes. Os meus dois últimos livros foram lançados em plena pandemia. Hoje olho e tenho aqui muita família e amigos, os meus pais, o meu companheiro, a minha sobrinha… A minha filha não veio porque está a trabalhar”, confidenciou Fátima, de 54 anos, sublinhando que se sente feliz por ter tido a coragem de mostrar um lado mais pessoal.
– Hoje em dia sente-se uma mulher mais equilibrada, com as pessoas certas ao seu lado?
Fátima Lopes – Do que há uns anos, sim. É um caminho que se prolongará até eu morrer. As pessoas que estão comigo são as que eu escolhi e que escolheram estar comigo. Isso é muito importante, ter pessoas que nos queiram e nos tratem bem.
– A idade traz maturidade para lidar com certos desafios de uma forma mais ponderada?
– A partir de uma certa idade, algo que parecia o fim do mundo é hoje só uma vivência. Muda completamente o prisma, o que é extraordinário. Gosto muito mais de mim agora do que quando tinha 20 anos. Nessa altura sabia muito pouco da vida.
– Alcançar o bem-estar é um caminho diário?
– É um caminho permanente, que nunca está terminado. Nunca podemos deixar de nos cuidar, porque, se o fizermos, começamos a notar as diferenças, tanto na saúde física como mental. Não podemos ficar para trás nem ser a última escolha. Se não estiver bem para mim, nunca estarei bem para os outros. E quando não estamos bem temos de ter a coragem de pedir ajuda, porque isso não é sinal de fraqueza, mas sim de amor-próprio.
– Há uma sensação de dever cumprido, de realização pessoal, depois de ter lançado este livro, que mostra um lado mais pessoal e leve?
– As pessoas que acompanham o meu trabalho na plataforma digital Simply Flow já estão habituadas a ler muita coisa minha, mas esta é a primeira vez que partilho muito da minha história pessoal. Faço dela uma forma de mostrar às pessoas como ultrapassei determinados desafios na vida e como lidei com acontecimentos do passado que me poderiam ter deixado uma pessoa triste. No fundo, pego na minha história pessoal e procuro que seja uma forma de inspirar os outros. Este Atreve-te a Abrandar é porque tenho a consciência de que levamos a vida numa velocidade tão acelerada que não a vivemos, passamos por ela. Temos mesmo de abrandar, saborear as situações, valorizar os nossos sucessos e conquistas, mesmo que sejam pequenos, porque isso ajuda-nos no dia a dia. É um livro onde me dou por completo, exatamente como sou, não me importando com o escrutínio público nem com o facto de ver as pessoas entrar mais na minha vida. Tive necessidade de o fazer porque acho que quando nós, figuras públicas, nos humanizamos e mostramos exatamente como somos, ajudamos os outros, pois o que se passa na minha vida é o mesmo que se passa na vida das pessoas em geral. Foi um desafio muito interessante.
Fotos: Fernando Costa