Com mais de 32 mil espectadores desde a sua estreia, dia 3 de agosto, Pôr do Sol – O Mistério do Colar de São Cajó tornou-se o filme português mais visto de 2023 até à data e foi preciso menos de uma semana de exibição para atingir este sucesso. Diogo Infante, que não pôde integrar a série da RTP que precedeu a longa-metragem devido ao seu vínculo com a TVI, hesitou quando o realizador Manuel Pureza o voltou a convidar, desta vez para brilhar no cinema como Duarte Bourbon de Linhaça, o irmão gémeo de Miguel, papel interpretado por José Raposo. “No fundo, o filme conta-nos as origens do colar de São Cajó e a maldição que lhe está associada. Atravessamos os tempos para perceber o contexto desta família. É uma evolução em relação à série, que era uma sátira às novelas. Brinca com as sagas das grandes séries que estamos habituados a ver nas plataformas digitais”, contextualizou.
O ator, que se divide, sobretudo, entre a direção do Teatro da Trindade, em Lisboa, e a televisão, teve logo a certeza de que este projeto seria um sucesso. Mas o saldo seria sempre positivo. “Gosto de alternar entre a comédia e o drama. Depois da personagem tão pesada e psicologicamente densa que fiz na novela Quero É Viver, soube-me bem poder fazer esta participação, até porque foi uma oportunidade de rever colegas e, sobretudo, de me ver num registo que não é habitual. Tive muito gozo em participar no filme. Já era fã da série, lá em casa todos [o marido, Rui Calapez, e o filho, Filipe, de 20 anos] vimos, e quando o Manel me desafiou fiquei contente por poder dar o meu contributo e, no fundo, divertir-me muito, que foi o que aconteceu”, disse, revelando que, quando estudava as suas falas, a animação estava garantida. “Lembro-me de estar a ler o guião à meia-noite, no sofá, e ria-me sozinho. ‘Oh, meu Deus, como é que vou fazer isto?’, pensava. Foi um desafio e levei algum tempo a encontrar o tom certo, porque a comédia não é fácil, muito menos esta, em que dizíamos muitos disparates”, contou.
Defensor de uma política cultural que também deve estar direcionada para o grande público, o diretor do Trindade não deixa de sublinhar a importância de projetos com este arrojo. “É salutar que haja espaço no cinema português para um filme desta natureza, porque há falta de uma indústria. Obviamente, o cinema de autor português é importante e reconhecido, mas também é bom que se faça este tipo de filmes de aventuras, porque abrem caminho para outras possibilidades”, defende.
Prestes a gozar férias, que serão passadas no Algarve e depois divididas em períodos menores de tempo para “desanuviar” e fazer algumas viagens, Diogo tem a sua agenda bem definida. “Consigo gerir tudo com planificação e organização. O Teatro da Trindade tem corrido muitíssimo bem, estou orgulhoso, e já temos uma nova temporada recheada. Na televisão, tenho uma relação de proximidade e cumplicidade com a TVI. Acredito que, no final do ano, serei requisitado para um novo projeto”, referiu ainda.