“Estou a viver uma das minhas fases mais simpáticas e, porventura, das mais unânimes, porque a passagem do tempo faz com que as pessoas olhem para nós realmente com um certo carinho e nos deem uns aplausos à Ruy de Carvalho”, disse Herman José aos jornalistas após o anúncio, durante a apresentação da nova grelha da RTP, de um momento especial que irá assinalar os 40 anos do programa de humor O Tal Canal.
“Nada tira mais a liberdade do que o peso de ter de agradar a quem paga ou manda em nós.”
Um número redondo a que se juntam os seus 50 anos de carreira e 70 de vida, que completa a 19 de março. Longevidade que não deixa de ser inquietante, como partilhou. “Pessoalmente ainda não sinto nada, mas sinto-o à minha volta. Olho para pessoas que trabalharam comigo e que eram superativas e fantásticas, e uns estão encostados às boxes por razões de saúde, outros desapareceram e outros perderam a convicção e a felicidade. Esse lado é inquietante, tenho pena que seja assim”, conta o humorista, que diz ter herdado da mãe “uma doce inconsciência” que o tem ajudado a não se deixar levar por sentimentos de tristeza. “Estou tão preocupado com a minha vida, com as pessoas que me rodeiam e com o meu trabalho, e tão grato por as coisas correrem bem, que a parte desagradável não chega para estragar a felicidade do dia a dia”, garantiu Herman, lembrando ainda que a liberdade criativa de que tem gozado é impagável: “A passagem do tempo dá-nos uma grande leveza. E vou dizer uma coisa cruel: o facto de sermos patrões de nós próprios, de não dependermos de ninguém, ajuda muito. Nada tira mais a liberdade do que o peso de ter de agradar a quem nos paga ou a quem manda em nós. E essa liberdade eu sempre tive, porque fui sempre um bocadinho freelancer. Cada espetáculo é um patrão diferente.”