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Luís Filipe La Féria Orta, conhecido do grande público pelo nome artístico Filipe La Féria, nasceu na Aldeia Nova de São Bento, Serpa, a 17 de maio de 1945, sendo o mais novo dos seis filhos de Luís de La Féria de Assis e Orta e de Dolores da Conceição La Féria. Cedo deixaria, no entanto, o seu Alentejo natal, para ingressar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Contudo, a sua paixão era o teatro e por ele abandonou as Letras para se inscrever na Escola de Teatro do Conservatório Nacional de Lisboa. E fê-lo em boa hora, pois a este homem criativo e de génio se deve, a partir dos anos 1990, a grande revitalização do teatro ligeiro em Portugal, mesmo que o género dramático também tenha feito parte do seu já longo percurso, iniciado pela porta grande, como ator na Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, então residente no Teatro Nacional D. Maria II.
Durante 12 anos, representará em grupos como o do Teatro Estúdio de Lisboa, do Teatro Experimental de Cascais (TEC), da Casa da Comédia ou do Teatro da Cornucópia, mas após trabalhar como assistente de encenação de Victor Garcia em As Criadas, de Jean Genet, no TEC, em 1972 parte para Londres com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, onde obtém um diploma em Encenação.
No regresso, assume durante 16 anos a direção da pequenina, mas importante sala de teatro experimental Casa da Comédia, onde dirige sobretudo peças dramáticas, como “A Paixão Segundo Pier Paolo Pasolini”, “A Marquesa de Sade”, “Eva Péron”, “Electra” ou a “Queda das Máscara”s. Entre os autores que adapta contam-se nomes como Marguerite Yourcenar, Marguerite Duras, Yukio Mishima, Agustina Bessa-Luís ou Mário Cláudio.
É, portanto, já um nome de referência quando, em 1990, escreve e encena o musical “What Happened to Madalena Iglésias”, uma adaptação do filme “What Ever Happened to Baby Jane”, que relata a alegada rivalidade entre Simone de Oliveira e Madalena Iglésias. O espetáculo é um sucesso tão estrondoso que depois de muitos meses a esgotar os 100 lugares da Casa da Comédia termina a sua carreira no Coliseu dos Recreios. Este será o ponto de partida para voos mais altos, quando apresenta no D. Maria o musical da sua autoria “Passa Por Mim no Rossio”, que ali fará uma longa temporada.
A partir daí dá início a um longo caminho no teatro musical, mesmo que pelo meio faça espetáculos ditos “sérios”, como “As Fúrias”, de Agustina Bessa-Luís, ou “A Casa do Lago”, de Ernest Thompson, com Eunice Muñoz e Ruy de Carvalho.
Em 1999, reconstrói o Teatro Politeama, há longos anos encerrado, e ali passará a ser residente, levando à cena uma longa lista de musicais da qual fazem parte títulos como “Amália”, que esteve seis anos em cena, “My Fair Lady”, que lhe deu um Globo de Ouro de Melhor Espetáculo em 2002, “A Canção de Lisboa”, “West Side Story”, “Um Violino no Telhado”, “Piaf”, ” Judy Garland — O Fim do Arco-Íris” ou “A Gaiola das Loucas”, que lhe valerá o Prémio Arco-Íris de 2010, da Associação ILGA Portugal, pelo seu contributo para a luta contra a discriminação e a homofobia. Muitos destes espetáculos subirão também à cena no Teatro Rivoli, no Porto.
Em 2016, para assinalar os seus 50 anos de carreira, La Féria leva à cena no Salão Preto e Prata do Casino Estoril “O Musical da Minha Vida”, no qual contou a sua própria história. Na ocasião, deu-nos uma entrevista na qual garantia que, aos 70 anos, ainda não sentia vontade de se retirar: “Parar é morrer. E quando morrer, a primeira coisa que vou fazer é um grande espetáculo no céu! Vou pôr tudo a dançar e com plumas na cabeça!”
No décimo aniversário do 25 de Abril de 1974, a Associação Portuguesa de Críticos de Teatro premiou Filipe La Féria como Personalidade do Ano. A 10 de junho de 1992 foi agraciado pelo Presidente Mário Soares com o grau de Comendador da Ordem do Infante. Em 2000, venceu o Globo de Ouro de Prémio Personalidade do Ano na categoria de Teatro, em 2007 recebeu um destes galardões como Melhor Encenador, com Música no Coração, e em 2008 o de Melhor Espetáculo, “West Side Story”.
Em 2006, foi condecorado pelo Presidente Jorge Sampaio com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito e em 2007 recebeu a Medalha de Ouro da Cidade de Lisboa.
Felipe La Féria tem uma filha, Catarina, nascida a 2 de março de 1983, que lhe deu duas netas, Leonor e Teresa. E na mesma entrevista à CARAS, referiu: “Sei que não vou estar presente em grande parte da vida delas, por isso dou tudo para as ver crescer. Adoro as minhas netas!”