Bibá Pitta já escreveu dois livros inspirados na sua filha Madalena, de 25 anos, que tem síndrome de Down, mas ainda lhe faltava o sonho de, “mais do que um livro, deixar uma mensagem, um grito de amor. Todos voamos de forma diferente, mas é preciso acreditar nos voos das pessoas diferentes. Este livro é uma homenagem a todas as Madalenas e ‘Madalenos’. Se nós acreditarmos neles e nas suas capacidades, fazemos com que eles também acreditem. Tem de se falar mais sobre a diferença, tem de se desmistificar mais a diferença junto dos mais novos e desde muito cedo”. E desta vontade nasceu o conto As Tuas Asas, escrito e ilustrado por Mafalda Mota. “A Mafalda, além da belíssima ilustração da Madalena, fez o corpo da história, sempre comigo ao lado e, de certa forma, com o meu coração na ponta da sua caneta, fazendo dela a coautora. Eu falei com a Mafalda sobre a minha vontade de fazer algo com a Madalena ilustrada e o encontro entre nós as duas foi perfeito”, explicou Bibá na apresentação da obra.
Como é habitual, a autora contou com a presença da família, o marido, Fernando Gouveia, e os filhos, Maria, Tomás, Salvador e Dinis, além da estrela da tarde, Madalena, que esteve sempre agarrada ao “seu” livro, visivelmente orgulhosa.
“Mais do que um livro, quis deixar uma mensagem, um grito de amor.”(Bibá Pitta)
Coube a Salvador, o quarto filho de Bibá e que nasceu 13 meses depois de Madalena, a responsabilidade de apresentar o livro, o que o fez vir de Londres, onde está a estudar: “Tive de preparar umas palavras, curtas, onde falo da minha experiência de crescer com a Madalena. Foi uma experiência muito normal, pois a Madalena é uma irmã como as outras mas que precisa de mais ajudas. Foi sobretudo na escola, no início, que me fui apercebendo de algumas diferenças, com as perguntas curiosas, os olhares de estranheza, e por isso acredito que este livro vai ser uma grande ajuda”, referiu.
Maria, a filha mais velha de Bibá e mãe de três crianças, Duarte, António e Piedade, acredita que “o livro tem uma mensagem especial, com uma ilustração muito clara. Acho muito importante a existência destes livros que subtilmente ensinem às crianças que há pessoas diferentes, mas que devem ser tratadas como iguais. O Duarte, que é um apaixonado pela tia desde sempre, perguntou uma vez à minha mãe que língua é que a Madalena falava e a minha mãe explicou-lhe. Provavelmente, se este livro já existisse, ele iria entender de outra forma, através da história”.
Fotos: Luís Coelho